Soberana e impiedosa, a Inglaterra deixou pelo caminho o Senegal (3-0) e vai discutir com a campeã França um lugar nas meias-finais do Mundial 2022.

A seleção de Gareth Southgate entrou melhor no jogo a pressionar alto e a impedir que o conjunto africano conseguisse chegar ao último terço nos minutos iniciais. Nervoso, o Senegal acumulou perdas de bola, mas parecia ser mais desembaraçado nas poucas vezes em que chegava ao ataque do que os ingleses nas várias em que se aproximavam da baliza de Édouard Mendy.

A meio da primeira, os senegaleses atingiram o ponto de equilíbrio entre a solidez defensiva e a capacidade para ter alguns momentos com bola. E Inglaterra só reajustou depois de dois sustos: um aos 22 minutos, quando na mesma jogada Boulaye Dia e Ismaila Sarr estiveram perto do golo e depois, à passagem da meia-hora, quando Pickford fechou a baliza a Sarr.

As duas oportunidades aumentaram os índices de confiança do conjunto africano, que subiu metros no terreno e, no fundo, passou a dar aos ingleses aquilo que lhes faltara até aí: espaço para imprimirem velocidade no meio-campo ofensivo.

Quando passaram a tê-lo, o jogo começou a definir-se com tremenda simplicidade. Aos 38 minutos, numa transição rápida, Kane baixou para ligar a equipa e desequilibrar com um passe para a corrida de Bellingham, que serviu Henderson para o 1-0.

Os senegaleses não só acusaram o golo, como aumentaram perigosamente o número de perdas de bola ainda antes de cruzarem a linha do meio-campo. Para isso em muito contribuiu a capacidade de Jude Bellingham, talvez o melhor da seleção dos Três Leões na primeira parte. Recuperou bolas, distribuiu jogo com critério e apareceu também ele várias vezes no último terço para desequilibrar. Omnipresente.

O 2-0 foi uma sequência natural dos acontecimentos, mas surgiu quando talvez já ninguém esperasse: já para lá dos dois minutos de compensação dados pelo árbitro, Bellingham recuperou mais uma bola, soltou para Foden e este serviu Kane para a estreia a marcar do avançado do Tottenham neste Mundial.

Ao intervalo, o quarto jogo dos oitavos de final estava praticamente resolvido.

Cissé fez três alterações logo no regresso dos balneários, o Senegal passou a ter mais bola – ainda assim, bem menos do que o adversário – mas a superioridade de Inglaterra nunca foi ameaçada.

Aliás, a tendência do jogo manteve-se e o 3-0 chegou aos 57 minutos, assinado por Bukayo Saka após a segunda assistência da noite de Foden.

Na última meia-hora, Southgate começou a preparar o jogo de sábado com França, que chamaríamos de final antecipada se os ingleses tivessem o hábito de chegar ao último ato dos Mundiais. Os melhores da noite começaram a sair gradualmente: primeiro, Saka e Foden; depois, Bellingham e Henderson.

Ficou o insubstituível Kane, líder de uma Inglaterra que parece no ponto para não voltar a falhar, mas agora Sua Majestade terá pela frente o Rei do futebol mundial.