A FIGURA: Gonçalo Ramos

Há dias alguém lhe perguntou, legitimamente, se a sua presença no Qatar serviria mais como uma espécie de aprendizagem, também atendendo ao facto de Portugal ter dois avançados à frente dele na hierarquia: Cristiano Ronaldo e, também, André Silva. Com utilização residual nos jogos com Gana e Uruguai, Ramos foi a grande surpresa no onze de Portugal, rendendo o (até agora) intocável Ronaldo. Inaugurou o marcador aos 17 minutos com um remate surpreendente de pé esquerdo, e esteve perto de bisar ainda na primeira parte. O segundo e o terceiro chegaram na segunda parte: atacou o primeiro poste para fazer o 3-0 a passe de Dalot e depois de assistir Guerreiro para o quarto fez o hat-trick com uma picadinha de classe sobre Sommer. Saiu a cerca de 20 minutos do fim, cedendo o lugar ao melhor marcador de sempre de Portugal. Simbólico na noite em que o mundo conheceu um novo pistoleiro. Memorável!

 

O MOMENTO: Gonçalo Ramos abre a loja. MINUTO 17

Os primeiros minutos de jogo foram de teste de parte a parte, mas o golo inaugural do avançado libertou Portugal para uma das melhores exibições de sempre da equipa das quinas e Mundiais. E que golo! Ramos recebeu de Félix, rodou rápido e disparou a 106 km/h para o 1-0.

 

OUTROS DESTAQUES

João Félix: foi avançado? Foi médio? Foi extremo? João foi de tudo um pouco. Ou muito disso tudo, melhor dizendo. Onde não havia um suíço, havia Félix, sagaz a explorar o espaço entrelinhas, que no fundo é onde ele vive melhor. Aos 17 minutos foi rápido a lançar Gonçalo Ramos para o 1-0. Sofreu uma entrada duríssima que custou aos suíços o primeiro amarelo do jogo. Confiança abalada? Nada disso! A seguir arrancou desde o meio-campo defensivo para só parar já dentro da área contrária. Na segunda parte foi ele quem começou a fantástica jogada que terminou no 4-0 e bisou nas assistências quando entregou de bandeja o hat-trick a Ramos. Ao nível do melhor que sabe fazer!

Bruno Fernandes: mais uma exibição de nível elevadíssimo do melhor de Portugal até agora neste Mundial. No dia em que Portugal voltou a ser uma equipa altamente dinâmica, foi fazendo permutas constantes e fez a diferença quando apareceu no corredor central. Assistiu Pepe para o 2-0 (terceira assistência na prova) e a quarta quase apareceu nos minutos finais da primeira parte, quando desfez a defesa helvética com um passe soberbo para Gonçalo Ramos.

Raphael Guerreiro: voltou ao onze e foi um dos melhores da equipa das quinas. Equilibrado no momento defensivo, assertivo nas ações ofensivas. Fez o 4-0 com uma bela execução e tivesse Bruno chegado a tempo ainda faria, aos 70 minutos, uma das assistências deste Mundial.

Diogo Dalot: foi, a par de Vitinha, o melhor de Portugal no jogo anterior com a Coreia do Sul. Se o segundo voltou ao banco de suplentes, Dalot manteve-se de pedra e cal no onze. Na primeira parte teve um corte providencial que impediu a Suíça de reduzir para 2-1 e voltar à luta e já na segunda parte assistiu Gonçalo Ramos para o 3-0 como há dias fizera no golo de Ricardo Horta aos coreanos. Dos laterais à disposição de Fernando Santos, parece ser nesta altura o mais sólido de todos.