Sofrimento. Sofrível. E o abismo ali tão perto.

Suspiros. E um respirar fundo tremedo quando Leão isolou Matheus Nunes e o médio fez o 3-1. Portugal fez o mais fácil, complicou o jogo e cambaleou. Só não caiu com a cara no chão porque Yilmaz desperdiçou o penálti que daria o 2-2 aos 85 minutos. 

Sorte ou os Deuses do Futebol estiveram com a seleção nacional. Instantes depois, a Macedónia do Norte marcava em Palermo e deixava a Itália fora do caminho luso para o Qatar. 

Apesar do 3-1 final, a seleção nacional precisa de jogar mais e melhor. Muito mais e melhor. Não só para estar no Mundial 2022 como para ter aspirações legítimas a chegar longe. As ausências de Pepe, Cancelo, Rúben Dias ou Renato não podem nem servem de desculpa.

Portugal nem começou mal o encontro. Com Bernardo, Otávio, Bruno e Moutinho no meio-campo e Jota no apoio a Ronaldo, a «equipa das quinas» ameaçou o 1-0 em duas ocasiões ainda nos primeiros 11 minutos: primeiro por Ronaldo e depois por Jota – perdida incrível.

À terceira foi de vez. Diogo Jota perdeu tempo de remate à entrada da área, deixou em Bernardo que atirou ao poste. Na recarga, Otávio atirou para o fundo da baliza de Çakir. O médio do FC Porto vestiu as cores de Portugal da cabeça aos pés e, a três minutos do intervalo, serviu Diogo Jota na perfeição para o 2-0.

O golo em cima do intervalo foi um rude golpe nas aspirações turcas. A Turquia viveu o seu melhor período no encontro entre os 20 e os 30 minutos, beneficiando de erros incompreensíveis da seleção portuguesa na saída de bola. Foi assim, por exemplo, que Kokçu obrigou Diogo Costa a aplicar-se ou que Kutlu falhou o empate nas costas de Dalot.

O 3-0 fecharia a eliminatória em definitivo. Ciente disso mesmo, Portugal voltou a entrar forte no arranque do segundo tempo e desperdiçou uma ocasião soberana para marca,r por Diogo Jota, já com Çakir fora da baliza.

Não marcou a «equipa das quinas», marcou a Turquia. Numa das melhores jogadas da equipa de Stefan Kuntz - perante a passividade portuguesa - Yilmaz tabelou com Under e finalizou na cara de Diogo Costa.

Portugal sentiu de sobremaneira o golo sofrido. A equipa nacional pareceu desligada, sem fio de jogo e, acima de tudo, insegura de si própria. Ronaldo foi uma sombra de si próprio enquanto Bruno Fernandes perdeu discernimento com o decorrer dos minutos. No fundo, a seleção portuguesa perdeu capacidade de ter bola e sofreu - a excepção foi um cabeceamento de Otávio ao lado.

A Turquia, por seu turno, agarrou-se à hipótese de igualar a partida e ao sonho de estar no Mundial. Conseguiu uma oportunidade excelente para chegar ao 2-2 quando Fonte atingiu Unal em falta na área. Mas Yilmaz atirou para a bancada e cavou o «Burak» turco.

Fernando Santos, que já tinha lançado Félix e William, refrescou a equipa com as entradas de Nuno Mendes, Leão e Matheus Nunes. Foram, precisamente, estes dois últimos que combinaram para o 3-1 final e fizeram o Dragão respirar fundo.

Não dava para ser sem sofrimento, pois não?