O Senegal fez o que tinha a fazer, venceu o Equador e garantiu a qualificação para os oitavos de final do Mundial 2022.

Aos comandados de Gustavo Alfaro bastava o empate - face ao triunfo dos Países Baixos que cedo começou a desenhar-se ante o Qatar - mas Leões da Teranga tiraram o Equador da linha do apuramento e fazem história, 20 anos depois.

Sem a grande estrela da companhia, Sadio Mané, os comandados de Aliou Cissé voltam a estar nos oitavos de final de um Mundial duas décadas depois da primeira vez: em 2002, chegaram mesmo aos quartos de final, a melhor participação de sempre.

Um êxito não só, mas também – e muito – por Papa Bouba Diop, lembrado pelos adeptos nas bancadas e pela equipa senegalesa no final do jogo. O antigo médio, figura do futebol do Senegal e herói precisamente no Mundial 2002, faleceu há exatos dois anos.

Adeptos do Senegal com o 19 nas costas, durante o jogo com o Equador, em homenagem a Papa Bouba Diop (Themba Hadebe/AP)

Em jogo, em penálti a fechar a primeira parte coroou 45 minutos de mais atitude e vontade de vencer do Senegal. Depois, no jogo do gato e do rato, o Equador foi à procura do golo no reatamento, empatou numa fase em que o jogo estava mais equilibrado, mas Kalidou Koulibaly desfez a igualdade ao fim de dois minutos para o 2-1 final, ao minuto 70.

Se o Equador deu 45 minutos de avanço? Talvez. Já o Senegal não quis quaisquer atrasos, tinha de vencer e fez por isso desde cedo. Gana Gueye (3m) e Boulaye Dia (9m) falharam o golo por pouco e Ismaila Sarr também deu novo aviso mais tarde (24m).

O Equador, com raras subidas dos laterais Preciado e Estupiñán, que atacam bem, acabou castigado em cima do intervalo num penálti cometido por Hincapié sobre Ismaila Sarr, que se encarregou de bater com calma e classe para o golo que fazia a diferença no jogo e nas contas do apuramento.

Para a segunda parte, Gustavo Alfaro tirou os médios Franco e Gruezo, lançou Cifuentes para ficar no miolo ao lado de Caicedo e reajustou a equipa, aproximando Enner Valencia de Estrada no centro do ataque, com Plata e Sarmiento nos corredores e a explorar também o jogo interior. Isto – e a necessidade de marcar – levaram a melhorias desde logo, potenciadas pelas incursões de Preciado e Estupinán.

 

Ainda assim, o Equador não criava perigo suficiente e foi já numa fase em que o Senegal sacudia o oponente do seu meio-campo que Moisés Caicedo empatou. Após um canto na direita, Torres desviou de cabeça e o médio desviou para o 1-1, contando com um invulgar posicionamento de Sabaly que, colado ao primeiro poste, deixou o equatoriano em jogo.

O mais difícil parecia feito para quem entrou em campo na dianteira pelos oitavos, mas Koulibaly não quis mais deixar o Equador na linha do apuramento: dois minutos volvidos, o central aproveitou um corte imperfeito de Enner Valencia após livre de Gana Gueye para finalizar na área e colocar os leões senegaleses na próxima fase.

Até final, o Equador tentou tudo, mas o Senegal assegurou mais uma página de ouro num 2022 que já teve a conquista do título na CAN e num dia que teve muito mais do que uma simples vitória para os Leões da Teranga.

Por Papa Bouba Diop. Por todo o Senegal.