O dia 17 do Mundial ajuda a destruir um lugar-comum. Diz-se que no futebol «só contam as que entram». Pois bem, não será assim tão rectilíneo. Ponto prévio: as vitórias de Alemanha e Argentina não podem ser colocadas em causa pelos cabais erros de arbitragem que se verificaram num e noutro encontro. Mas...haverá sempre lugar para um «se». Se o árbitro tivesse visto a bola rematada por Lampard claramente dentro da baliza alemã. Se o árbitro tivesse visto o fora-de-jogo indiscutível de Tevez no primeiro golo argentino... Em ambos os casos, a responsabilidade maior terá de ser colocada no assistente, mas será, por ventura, o nome do árbitro a ficar manchado com tamanha asneira.

Argentina-México, 3-1 (crónica)

No Alemanha-Inglaterra, por exemplo, os germânicos até tinham entrado bem melhor no jogo e foi com naturalidade que Klose e Podolski deram expressão ao domínio exercido. A queda inglesa parecia certa, faltava decidir o estrondo que teria. Matthew Upson atenuou a dor ainda antes do intervalo. Lampard, dois minutos depois, descobriu a cura, mas viu Jorge Larrionda negar-lhe um festejo merecido, abrindo as hostilidades para um dia a esquecer para a arbitragem (no) Mundial.

Alemanha-Inglaterra, 4-1 (crónica)

Os ingleses acusaram o golpe e, mesmo que Lampard ainda tenha enviado uma bola à trave, a machadada final alemã não surpreendeu. Dois golos de Thomas Mueller sentenciaram o jogo e deram à Inglaterra a maior vergonha de sempre em Mundiais: nunca a equipa tinha perdido por uma diferença de três golos.

Pela hora do jantar foi o italiano Roberto Rosetti a ter sobre si todos os focos. O México entrara bem melhor no jogo e já tinha disposto de duas boas ocasiões para marcar (uma delas num remate à trave de Salcido) quando Tevez empurrou para a baliza uma bola que Pérez tinha defendido para os pés de Messi. A repetição confirmou o dia aziago da arbitragem: o argentino estava em posição irregular, estando à frente do penúltimo e, mesmo, do último defensor mexicano.

Mundial: a figura do dia 17

O México nunca se conseguiu recompor do duro golpe e acabou vergado por novo erro, agora próprio. Osorio, inacreditavelmente, deu uma bola controlada a Higuain que a aproveitou para se isolar na frente da lista dos goleadores. A cereja no topo do bolo seria colocada por Tevez, com um «golaço» que entra directamente para o top do Mundial. O melhor que o México conseguiu foi fazer o tento de honra num bom lance de «Chicharito» Hernandez.

Tudo somado e temos um Alemanha-Argentina nos quartos-de-final. Um jogo carregado de história, sobretudo para Diego Armando Maradona. O seleccionador argentino venceu o Mundial de 86 precisamente contra os alemães. Quatro anos mais tarde, em Itália, foram os alemães a sorrir na final.

Há quatro anos, novo triunfo germânico, precisamente nos quartos-de-final e quando a Argentina tinha acabado de eliminar...o México. Maradona pode, assim, aproveitar para ajustar contas. Mas, já se sabe, «negociar» com os «panzers» nunca é fácil...