Suécia-Nigéria e Argentina-México. Dois jogos, quatro continentes e o mundo inteiro representado nas meias-finais do Mundial sub-17, que se jogam nesta terça-feira. Muita gente, também, de olho nos miúdos que se vão destacando lá nos Emirados Árabes Unidos. E, entre todos, alguém que se mexeu por antecipação. O Chelsea tem jogadores tanto na seleção sueca como na nigeriana.

Os únicos jogadores destas quatro seleções que já emigraram estão ligados aos Blues. Na Suécia está Ali Suljic, defesa de 16 anos, e também esteve Isak Ssewankambo, médio que joga regularmente nos juniores do Chelsea, que teve de abandonar a seleção por lesão. Na Nigéria o médio Habib Makanjuola já se mudou para Londres e, a prová-lo, fez-se fotografar ao lado de José Mourinho, para meter no Facebook e mostrar ao mundo.



Os dois jovens «Blues» da Suécia são bons exemplos da sociedade multicultural que é a seleção nórdica, a grande surpresa destas meias-finais. Há 13 nacionalidades diferentes entre os 21 convocados suecos. Suljic é de origem bósnia, Ssewankambo tem raízes no Uganda. E, como não podia deixar de ser, não falta lá Portugal. Apresenta-se o avançado Carlos Strandberg, que joga no Hacken e é totalista da Suécia no Mundial: «Aminha mãe é portuguesa, com raízes em Moçambique. O meu pai é sueco, daí o Strandberg.» E ainda há o guarda-redes Sixten Mohlin, com raízes em Cabo Verde.

«Há gente de todo o lado nesta equipa, o que é muito fixe para nós», resume Strandberg, em conversa com o site da FIFA. Não é exagero.

Falta ainda falar dos gémeos Sebastian e Johan Ramhorn, filhos de mãe coreana, ou de Anton Saletros, filho de um imigrante húngaro, ou ainda de Noah Sonko, com raízes na Gâmbia, e Erdal Rakip, turco. E depois há vários jogadores com raízes nos Balcãs. A começar por Valmir Berisha, a estrela da equipa, quatro golos marcados e com o rótulo de próximo Ibrahimovic nas costas.

São todos diferentes e estão a dar-se muito bem com isso. A Suécia conseguiu apurar-se para a fase final de um Mundial de sub-17 pela primeira vez na sua história e, depois de ter terminado em terceiro na fase de grupos, foi repescada e entusiasmou-se. Foi a única seleção europeia que chegou aos quartos de final sequer, das seis qualificadas à partida. Itália, Rússia, Croácia, Eslováquia e Áustria foram ficando pelo caminho.

Nos quartos a Suécia deixou pelo caminho as Honduras e agora tem pela frente a Nigéria, uma seleção com muitos pergaminhos na categoria. Das 15 edições do Mundial sub-17, que se joga de dois em dois anos, a seleção africana venceu três. Ninguém fez melhor, igual só o Brasil. Além disso, a Nigéria tem mais três presenças em finais.

A outra meia-final terá frente a frente dois pesos-pesados. De um lado a Argentina, com tradição nos escalões jovens, do outro o México, que defende o título e nos quartos de final deixou pelo caminho o muito favorito Brasil depois de uma maratona de 24 grandes penalidades.

Vencedor do Mundial sub-17 em 2005, além de 2011, e ainda campeão olímpico em título, o México continua a criar boas gerações de jovens, mas está com dificuldades em aproveitar esse sucesso para a seleção principal, que não conseguiu qualificar-se diretamente para o Mundial 2014 e terá de jogar um play-off com a Nova Zelândia.

No México, o jornal «Universal» notava por estes dias que cinco dos campeões do mundo de 2005 nunca jogaram sequer na primeira divisão mexicana e tentava perceber porque não vingam os miúdos. Lá como cá, debate-se o excesso de estrangeiros no campeonato. O mundo é pequeno.