Fernando Santos, selecionador português, em declarações à comunicação social na sala de imprensa, após o nulo com a Bélgica, em jogo de preparação para o Mundial2018:

[se o jogo serve de ensaio para Marrocos, tendo em conta os três centrais da Bélgica] «Só no último jogo é que Marrocos jogou com três defesas. Não vimos nenhum jogo antes em que o tivessem feito. E na segunda parte voltaram ao que tem sido normal. Não preparei este jogo a pensar em Marrocos, até porque penso que são duas equipas completamente distintas.»

«As alterações não são importantes, a equipa são 23. Eu diria que, descontando os primeiros 20 minutos, fizemos um jogo muito bem conseguido. Não diria perfeito, mas muito bem conseguido. Não entrámos bem, sabíamos que a Bélgica tem jogadores fantásticos, é ofensivamente muito forte. Uma das candidatas a ambicionar chegar muito longe e eventualmente vencer o Mundial. Sabíamos que ia apresentar três centrais, com Meunier e Carrasco muito ofensivos nas alas e os movimentos interiores do Mertens e Hazard. Criámos alguns problemas a nós próprios na fase inicial, mas cometemos outro erro: os nossos avançados, que eram o Bernardo e o Guedes na altura, estavam a recuar muito. Sempre que perdia a bola, a Bélgica recuperava rapidamente. Não conseguíamos sair. Não tínhamos ninguém a quem entregar, que seriam os nossos avançados, entre linhas. Passei o Bernardo para a direita, até por estar mais rotinado com o Cédric, e com o Gelson e o Guedes na frente melhorámos bastante. Começámos a criar problemas ao adversário e com isso também diminuiu a euforia inicial da Bélgica, a capacidade de pressão. O jogo ficou equilibrado, com sinal mais para nós, pois criámos algumas oportunidades. Na segunda parte voltámos a entrar menos bem, mas foi pouco tempo, uns cinco minutos. O jogo foi dividido, tivemos uma excelente oportunidade pelo Gelson e outras situações que podíamos ter finalizado. E depois com as substituições o jogo mudou um pouco as características, e alguns jogadores ficaram cansados. Depois mudei a estrutura nos útimos quinze minutos, passei a jogar em 4x4x1x1, e obviamente que as coisas não estavam a fluir da mesma forma, mas a equipa continuou a bater-se muito bem, sobretudo no plano defensivo.»

[sobre o ponto de situação na preparação do Mundial] «Não estamos ainda totalmente preparados. Isso era impossível. Foi o segundo jogo, ainda temos uns dias pela frente, os jogadores não estão na plenitude da forma física. Ainda temos muito trabalho para fazer, mas estivemos mais perto do que eu quero. Um grau ou dois abaixo do que eu quero, mas tirando aqueles primeiros 20 minutos, em termos de equilíbrio de jogo voltámos a ser uma verdadeira equipa.»

[sobre a coesão defensiva] «Não podemos dividir isto por setores, e quando defendemos bem não é só por causa dos quatro homens lá de trás. Os golos sofridos com a Tunísia foram erros coletivos e não individuais: um foi de bola parada, uma desatenção total da nossa equipa, um erro que não podemos voltar a cometer, e o outro foi um contra-ataque.»

[o ataque móvel foi um ensaio para a Espanha] «Normalmente jogamos em 4x4x2 ou 4x3x3. Mais o 4x4x2. O Cristiano já não é um extremo e também não é um 9. Já disse isto tantas vezes. Podemos explorar aquilo que foi a fase de apuramento para o Mundial, mas também como fomos campeões europeus, quando tínhamos um jogador que jogava de forma diferente no apoio ao Cristiano. Vamos ver, temos tempo para decidir isso.»

«Há 21 meses que a Bélgica não tinha um jogo sem marcar. Isso mostra a capacidade ofensiva da Bélgica, mas Portugal é uma equipa que também sabe defender bem. Se a Bélgica não criou oportunidades, não foi tanto por demérito deles, mas sobretudo mérito nosso. E não só defendemos bem como criámos cinco ou seis oportunidades. A Bélgica é candidata a ambicionar chegar longe, pois tem jogadores de enorme qualidade. E Portugal, tirando os primeiros 20 minutos, fez um jogo bastante aceitável.»