No jogo mil de Fernando Santos como treinador houve dois minutos para sorrir durante quarenta e cinco minutos. No entanto, Portugal desperdiçou dois golos de vantagem contra a Sérvia em Belgrado e concedeu um empate surpreendentemente, sobretudo após a primeira parte.

O sorriso desapareceu e deu lugar à frustração. Poderia ter sido diferente, é verdade, se o lance de Cristiano Ronaldo (exibição muito cinzenta) tivesse sido validado. Ainda se lembra do futebol sem VAR, caro leitor?

A seleção nacional apresentou seis alterações em comparação com a partida cinzenta contra o Azerbaijão. Um dos regressados à titularidade, Diogo Jota, precisou de apenas 12 minutos para quebrar a resistência Sérvia: cabeceamento certeiro na área após passe teleguiado de Bernardo Silva.
 

Sem deslumbrar, Portugal tinha o controlo de jogo, conseguia jogar entrelinhas e era capaz de explorar os corredores laterais mais por Cedric (à direita) do que por Cancelo. O lance do 2-0 é prova clara das fragilidades sérvias em bola e da capacidade portuguesa para as explorar. Bernardo recebeu em zonas interiores de Bruno Fernandes e libertou Cedric que cruzou para o novo cabeceamento certeiro de Jota.
 

 

A Sérvia foi inferior aos campeões da Europa na primeira parte. Um punhado de remates sem direção não importunou Portugal e muito menos deixava antever o que viria a acontecer na segunda parte. 

O técnico da Sérvia percebeu que a estratégia não estava a resultar e alterou ao intervalo. Dragan Stojkovic desfez a dupla de avançados e introduziu no jogo Radonjic no lugar de Vlahovic. O extremo do Marselha demorou poucos segundos a provar que a aposta seria acertada quando cruzou para Aleksandar Mitrović (39.º golo pela sua seleção). Este golo foi, de resto, especial para o avançado do Fulham que se tornou no maior goleador da história da Sérvia.

Portugal nunca mais foi a equipa da primeira parte, sentindo dificuldades em ligar jogo e em sair para o ataque. Permitiu, no fundo, que o adversário crescesse. Anthony Lopes fez a defesa da noite para evitar o golo de Tadic e de seguida, suspirou de alívio quando viu o cruzamento de Milinkovic-Savic sair ligeiramente ao lado.

Curiosamente numa das raras situações de ataque luso, surgiu o golo sérvio com Tadic a lançar Radonjic que serviu Kostic. O extremo do Eintracht Frankfurt ganhou a posição a José Fonte e fez o 2-2. 

Justo, o resultado penalizava a apatia portuguesa no Marakana. Fernando Santos trocou Cancelo por Nuno Mendes e Sérgio Oliveira por Renato. As trocas tiveram o condão de travar o ímpeto da Sérvia, embora não tenham tornado Portugal mais perigoso ofensivamente.

Já com Félix em campo no lugar de Jota, acabaria por surgir o lance polémico em que Mitrovic cortou a bola para lá da linha de golo após o desvio de Cristiano Ronaldo. O árbitro assim não entendeu e Portugal ficou sem motivos para sorrir.
 

 

De dois motivos para sorrir, sobram mil para lembrar esta partida.