No regresso da rubrica «Mundo Brasil», e depois de termos feito trabalhos com Christian, Bernard e Bruno César, o artigo de hoje é dedicado a Vandinho.

O médio brasileiro, que no passado dia 15 de janeiro completou 36 anos, voltou ao Grêmio Anápolis, clube que representara em 2002, antes de iniciar a aventura portuguesa, no Rio Ave.

Dois bons anos no clube de Vila do Conde catapultaram-no para o Sp. Braga, emblema que defendeu durante sete anos e onde considera ter passado «os melhores anos» de uma carreira que estará já, obviamente, na reta final.

Em conversa com a «Maisfutebol Total», Vandinho, médio de regularidade impressionante durante épocas seguidas no campeonato português, recorda com «saudade e orgulho» os anos no futebol português, sobretudo o que viveu em Braga, e fala sobre os treinadores que mais o marcaram em Portugal.

E nem sequer lamenta não ter tido a oportunidade de saltar para Benfica, FC Porto ou Sporting: «Joguei num grande do futebol português», refere, numa alusão ao Sp. Braga.

Os anos dourados no Braga

Vandinho não o esconde: as sete épocas passadas em Braga foram os anos dourados da sua carreira. «Nunca os esquecerei», confessa o médio brasileiro, em conversa com a MF Total.

«Foram anos de crescimento, de conquista. O Braga melhorou muito, entre o momento que lá entrei e quando saí. Hoje é apontado como um grande, bate-se de igual para igual com qualquer equipa portuguesa e ganhou hábitos de vitória também na Europa», reforçou.

Entre vários momentos especiais que Vandinho viveu como jogador do conjunto bracarense, o médio brasileiro destaca «a final da Liga Europa na Irlanda, o segundo lugar no campeonato, as presenças na Champions e o facto de termos ganho a Intertoto, embora seja uma competição menos visível, com menos impacto».

Vandinho admitiu que «terá faltado um título nesse percurso muito bom» e comentou: «Fiquei muito contente com a conquista da Taça da Lig a que o Braga teve na época passada. Ainda estavam alguns colegas com quem joguei e senti um pouco como minha essa conquista, também».

Jesualdo Ferreira, a maior referência


Na trajetória vitoriosa entre 2004 e 2011 em Braga (saiu um mês depois da final perdida para o FC Porto em Dublin), Vandinho destaca um treinador que o marcou especialmente: Jesualdo Ferreira.

«Foi certamente o técnico que mais me marcou, que mais me influenciou, a quem mais devo. Foram anos de aprendizagem, de evolução, com a equipa a jogar cada vez melhor. Devo-lhe muito», reconheceu.

De Jesualdo Ferreira, Vandinho destaca «a organização, o conhecimento tático e a capacidade de encontrar boas soluções para o conjunto». «Não me admiro que tenha voltado ao Braga. Acho que foi uma boa escolha e espero que o Braga consiga atingir os seus objetivos esta época».

Jesus «respira futebol 24 horas por dia»
Vandinho também foi treinado em Braga por Jorge Jesus e Domingos Paciência (embora Jesualdo Ferreira tenha sido o técnico que mais tempo o dirigiu no clube minhoto).

O médio elogia a capacidade de Jesus e Domingos e realça algumas características do atual treinador do Benfica: «O Jorge Jesus respira futebol 24 por horas por dia. Adora o que faz, está sempre a pensar no jogo, nos jogadores, a tentar melhorar o seu trabalho. É um grande profissional e não me surpreende que esteja há tantos ano no Benfica».

«FC Porto era mais difícil que o Benfica»

Vandinho destaca a «quantidade de bons resultados» conseguidos pelo Braga nos duelos com os três grandes, mas aponta: «Os jogos mais difíceis eram com o FC Porto. O Benfica teve sempre boas equipa também, mas sobretudo em Braga conseguíamos quase sempre fazer bons resultados».

Agora no Brasil, Vandinho tenta seguir «o que é possível» do futebol português. «Ainda no outro dia vi pela tv, enquanto estava no estágio, o Nacional-Estoril, que terminou em 2-2. Foi um bom jogo, o Estoril joga bem...»

A experiência no Dubai

A saída de Braga não foi para a Luz, o Dragão ou Alvalade, mas foi para o Al Sharjah, do Dubai, pela mão de Carlos Azenha. «Foi uma experiência interessante, mas mais curta do que imaginei. O Azenha acabou por ir embora cedo, na altura por um problema familiar. Fiquei lá com outros dois brasileiros, o Marcelinho que jogou na Naval e o Edinho que atuava no Gil Vicente, mas veio um técnico sérvio e ficou difícil, não apostava em mim...»

O regresso ao Brasil

Depois da curta passagem pelo Dubai, Vandinho voltou ao Brasil, olhando já para o final da carreira, que ainda não definiu em termos temporais.

Passou pelo Paraná, da Série B do Brasileirão, pelo Cuiabá, equipa da sua terra (série C), e apostou agora num regresso ao Grêmio Anápolis, para já apenas até ao final do estadual. «Sinto-me em condições de continuar a jogar, veremos o que o segundo semestre de 2014 me reserva».

Cuiabá no Mundial


Natural de Cuiabá, estado de Mato Grosso Vandinho está radiante por ter a sua cidade na lista das 12 sedes da Copa do próximo verão. «Vão ser só quatro jogos da primeira fase, mas é uma honra ver a minha terra numa competição tão importante. Vou tentar assistir a algum jogo no estádio, gostaria muito».

O médio torce pelo escrete, claro, mas também por Portugal. «Tenho alguns amigos, que ainda eram do meu tempo no campeonato em Portugal, que jogam por esta seleção. Admiro muito o João Pereira, é um jogador de grande caráter, que merece a maior sorte».


Vandinho, um pêndulo do Braga durante sete anos:



VANDINHO
Nome: Vanderson Valter de Almeida
Data de nascimento: 15 de janeiro de 1978 (35 anos)
Posição: Médio
Altura: 1,83 metros
Peso: 76 quilos
Percurso como jogador: Pelotas (1999), Santa Cruz (2000), Criciúma (2001), Brasil de Pelotas (2001), Grêmio Anápoli (2002), Rio Ave (2002-04), Sp. Braga (2004-2011), Al Sharjah (2011-12), Paraná (2012), Santo Ângelo (2013), Cuiabá (2013), Grêmio Anápolis (2014)


«Mundo Brasil» é uma rubrica que conta histórias das experiências de jogadores e treinadores brasileiros que atuam ou já atuaram em campeonatos espalhados pelo globo