Quinto classificado no último campeonato nacional da Roménia, o CFR Cluj passou de emblema desconhecido a pretendente pelo título em pouco mais de um ano. Treinado pelo bem conhecido Dorinel Munteanu, que ainda faz uma perninha no meio-campo quando assim o entende, os romenos descobriram um filão no mercado português e apostaram nas contratações de Manuel José, Pedro Oliveira e Semedo.
Ao Maisfutebol, os três profissionais confessaram que a vertente financeira e a companhia de dois colegas lusos foram fundamentais para o «sim» a este inaudito desafio. «Se eles não fossem, também não ia», reconheceu Semedo, que explicou depois todo o processo. «Inicialmente, iria eu e o Santamaria, meu colega no Estrela, mas a esposa dele ficou grávida e ele decidiu ficar cá. Sei que os responsáveis do clube me viram no jogo com o Guimarães, na última jornada e gostaram do que viram. Depois, entraram em contacto com o Vítor Gouveia, meu empresário, e chegámos a acordo.»
Para Pedro Oliveira, este desenlace «foi uma surpresa», mas acabou por se revelar uma excelente solução. «Em Portugal, os meses têm 90 dias e os salários custam a chegar. Disse ao meu empresário, José Caldeira, que estava com vontade de emigrar e ele apresentou-me esta possibilidade.» Manuel José também não conhecia o emblema que vai representar, mas destacou o percurso na última taça Intertoto. «Só perderam na final com o Lens e nesse percurso eliminaram o Athletic Bilbau, o Saint-Etienne e o Zalgiris Vilnius. Não podem ser uma equipa qualquer.»
Mais portugueses em Janeiro?
Longe da vista, perto da selecção? Manuel José acredita que sim. Sabe que o campeonato romeno «não passa nos canais portugueses» e que o futebol do país é visto como «secundário». Contudo, crente no sucesso do CFR Cluj, sente que pode dar nas vistas, nomeadamente nas competições europeias. «O presidente Muresan quer apostar na conquista do título. Aliás, este ano nem nos inscrevemos para a taça Intertoto porque ele só pensa no campeonato e em estarmos na Europa na próxima época.»
Como se sabe, a Roménia será membro de pleno direito da União Europeia a partir de 2007. Por isso, Semedo confidencia que os dirigentes romenos já lhes prometeram que «se tudo correr bem até lá» poderão ir mais jogadores portugueses para a Transilvânia. «Se dermos uma boa imagem do que é o jogador português, no início do ano podem vir mais colegas nossos. O importante é que sejam bons profissionais e tenham qualidade.»
Semedo teve outros convites de Portugal, «da Académica», para onde iria ganhar «pouco mais do que auferia no Estrela», por isso tomou esta opção na sua carreira. «Tenho um bom empresário, mas não tem a influência que tem o senhor Jorge Mendes, por exemplo», vincou, embora tenha gostado do primeiro contacto com o CFR Cluj. «Adorei as condições. A sede é demais, tem umas condições incríveis. Há muitos jogadores que se gabam de ter jogado no Benfica, no Sporting ou no F.C. Porto, mas chegam ao fim de carreira sem nada. É mais um motivo para agarrar esta oportunidade, financeiramente invejável, e mostrar o meu futebol na Europa. Não quero voltar a jogar num escalão secundário, como fiz em Portugal.»

40 jornalistas na apresentação do «irmão» de Eddie Murphy
Na apresentação à imprensa romena, Pedro Oliveira ficou espantado com o mediatismo que lhe foi concedido. «Estavam 40 jornalistas presentes e a cobertura foi enorme.» Apesar deste interesse, os nossos colegas da comunicação social ficaram surpresos quando souberam que em Portugal existe uma cobertura gigantesca sobre o fenómeno desportivo. «Quando lhes disse que existem três jornais desportivos diários e ainda o Maisfutebol ficaram espantados. E mais espantados ficaram quando viram o Semedo. Disseram que era o irmão do Eddie Murphy (risos).»