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Mesmo antes de fazer as malas para Pequim, Naide Gomes despediu-se da preparação para os Jogos com a melhor marca mundial de 2008 no Salto em Comprimento. A 29 de Julho, saltou 7 metros e 12 em Monte Carlo, naquela que foi a terceira vez a bater-se a si mesma em pouco mais de quatro meses.
«Espero que estes Jogos me corram de feição e faça uma marca extraordinária e consiga um feito extraordinário. (...) Não previno o futuro, sei que trabalhei, tenho a consciência limpa de que fiz tudo para chegar aos Jogos e em grande forma», garantiu a atleta, em entrevista ao Maisfutebol.
No Mundial de Osaka não foi além do quarto lugar e as críticas não tardaram. Foi como força acrescida para Naide Gomes, que desde então tem somado primeiros lugares, inclusive no Campeonato do Mundo de Pista Coberta, em Valência.
«Lido muito bem com a pressão e a pressão exterior não me atinge muito, porque eu e o meu treinador mais do que ninguém queremos uma medalha, queremos ganhar, queremos ultrapassar os nossos objectivos. Nós é que pomos a nossa própria pressão, por isso as pessoas não podem exigir nada, porque realmente não sabem aquilo que quero e o que trabalho todos os dias para o conseguir», defendeu a atleta do Sporting.
A coreografia de Portugal na abertura dos Jogos Olímpicos, com todos os atletas a exibirem cachecóis com as cores nacionais, é imagem que Naide Gomes gostaria de ver reflectida nas casas portuguesas, como aconteceu com o futebol: «Independentemente de trazermos medalhas ou não, espero que os portugueses pendurem uma bandeira por todos os atletas que forem aos Jogos Olímpicos como fizeram com a Selecção porque nós merecemos. Nós também podemos exigir que torçam por nós porque merecemos.»
Intervenção cirúrgica depois dos Jogos
Naide Gomes é uma das candidatas ao pódio em Pequim, mas as adversárias não são a principal preocupação. Tem três lesões, uma operação à sua espera depois dos Jogos e, mesmo assim, não há nada que a demova de viver um momento que tanto desejou. «É uma luta que vale a pena, porque estou em busca de um sonho. Não me custa fazer tratamentos porque eu preciso deles para treinar em condições. O desporto é assim mesmo, infelizmente, eu tenho problemas com lesões que me dificultam imenso os treinos, mas tudo vale a pena», justificou a atleta.
Depois de obrigar o treinador Abreu Matos a tirar o bigode quando atingiu a marca dos sete metros no Mundial de Valência, Naide Gomes repetiu o feito mais duas vezes e em doses superiores. Agora, a aposta é consigo: «Todos os dias luto comigo mesma para ultrapassar as minhas marcas nos treinos, na competição, porque se ultrapassar as minhas marcas sei que posso vencer qualquer atleta.»
Em Atenas, foi 13ª no Heptatlo, mas o oitavo lugar no Salto em Comprimento e as circunstâncias de um corpo magoado por lesões fizeram-na dedicar-se em exclusivo à disciplina em que mais brilhava. Quatro anos depois, quer sentir o peso do brilho. «Podem esperar que vou lá com toda a força e determinação para lutar até ao fim. Posso ter sorte ou azar, mas acredito que posso lutar. A única coisa que posso prometer, realmente, é que vou trabalhar muito, vou lutar muito e vender cara qualquer uma das medalhas. Elas podem contar comigo.»