Gama está desde 1992 no Rio Ave. Treze anos que lhe permitem conhecer bem os «cantos à casa» e que fazem dele a melhor pessoa para avaliar o bom momento que os vila-condenses atravessam. Dois jogos, duas vitórias e exibições convincentes não fazem com que o capitão deixe de ter os pés bem assentes no chão: «Não podemos estar a pensar que por termos ganho dois jogos vamos conseguir um lugar na Europa».
Os mais distraídos talvez se surpreendam com o bom começo do Rio Ave. Em dois anos consecutivos a equipa ficou «às portas da Europa» e nesta época soma já dois triunfos que lhe permitem visitar o Dragão na condição de líder do campeonato.
Em conversa com o Maisfutebol Gama explicou as razões deste sucesso: «Deve-se sobretudo ao valor que a equipa tem e ao excelente grupo de trabalho. O clube tem mantido a estrutura no plantel nos últimos três anos, o que faz com que a equipa não tenha grandes sobressaltos».
Reforços em família
Quando Carlos Brito saiu, muitos questionaram como lidaria o novo treinador com um grupo que era praticamente a imagem de um técnico. Gama garantiu que a mudança ocorreu sem problemas: «A nova equipa manteve o que de bom já existia e melhorou alguns aspectos que considerou importantes». «Não são muitas as diferenças. O novo treinador trouxe algumas ideias que achou por bem implementar e os jogadores não sentiram dificuldades em percebê-las e em assimilá-las», disse.

A adaptação de quem chegou ao clube também decorreu dentro da normalidade. Gama explicou que «os reforços foram observados durante a época passada, são jogadores com qualidade e integraram-se bem»: «Foram bem recebidos. Sentem-se como numa família e rapidamente se integram».
No Rio Ave, todos parecem «remar» para o mesmo lado e, para o experiente avançado, este acaba por ser um factor determinante para que as coisas corram bem: «Saíram alguns jogadores, mas a estrutura da equipa ficou. Há um bom trabalho e um trabalho de grupo que envolve a direcção, a equipa técnica e os jogadores».
Perante esta boa campanha do Rio Ave, é legitimo perguntar até onde pode chegar esta equipa. Será desta que Vila do Conde vai ter um representante na Europa? Gama diz que «ainda é cedo» para pensar nisso: «Ainda só foram disputadas duas jornadas. Há muitos anos que não começávamos tão bem, mas ainda faltam 32 jornadas e há equipas como o V. Guimarães, que começaram mal e que ainda vão certamente recuperar. Não podemos estar a pensar que por termos ganho dois jogos vamos conseguir um lugar na Europa».
«Temos de ver a dimensão do Rio Ave. É um clube que tem vindo a crescer aos poucos. O mais importante é estabilizar na primeira divisão», explicou, reiterando os objectivos que foram traçados quando a equipa começou a trabalhar: «Queremos fazer um campeonato tranquilo de modo a que, no último terço da prova, não tenhamos de estar a pensar com quem vamos jogar nem a fazer contas».