O central Fernando, antigo capitão da Naval, a quem a Comissão Arbitral Paritária negou razão quando, em Setembro último, avançou com um pedido de rescisão com justa causa, alegando 140 mil euros de prémios em atraso desde a época de 2000/01, vai apresentar nova queixa, desta vez para que lhe seja reconhecida a dívida.
«Na primeira tentativa, para me ser dada razão, era preciso que os valores em atraso fossem relativos ao contrato em vigor e não de contratos já vencidos. Agora, pretendo que me seja confirmada a dívida», explicou ao Maisfutebol o veterano (34 anos) defesa, que vai mantendo a forma no Gândara, da III Divisão, pois não se pode treinar na Figueira nem o clube o deixou sair em Janeiro: «Queriam que eu assinasse um documento no qual declarava que nada me deviam para me libertarem. Isso diz bem de como eles são.»
Fernando, cuja advogada, assegura, está a tratar do processo em colaboração com o Sindicato dos Jogares, queixa-se ainda das dificuldades em dialogar com o clube. «Até tenho conversado mas nunca com quem manda [Aprígio Santos]. Ele só manda recados por outras pessoas», desabafa, mostrando um visível incómodo pela forma pouco respeitosa como tem sido tratado tendo em conta as funções que desempenhou e as oito épocas passadas na Figueira.
Clube tentou acordo mas jogador rejeitou
Da parte da Naval, a interpretação do caso é simples: o jogador tentou obter justa causa para rescindir mas a CAP negou-lhe razão. A partir daqui, a bola passou para o lado de Fernando mas, depois de «uma conversa», as partes extremaram-se. «Fizemos uma tentativa de acordo, mas ele, pura e simplesmente, não a aceitou. A partir daí, é problema dele. Além disso, nem reclamámos os salários que faltam até final do contrato [cerca de 70 mil euros], mesmo podendo fazê-lo», desvenda Nuno Mateus, responsável jurídico do clube da Figueira da Foz.
Os navalistas entendem que nada devem ao atleta e, enquanto isso não for reconhecido, não o irão autorizar a jogar noutra equipa. «Não tem salários em atraso e, quanto aos prémios que alega, não faz sentido vir agora reclamar coisas relativas há sete ou oito anos, depois de sucessivas renovações. Ainda por cima, são valores que nunca constaram dos contratos. Ele é que tomou a iniciativa, mesmo depois de ter sido advertido várias vezes de que não tinha razão. Foi acompanhado desde o início por uma advogada, por isso lá saberá o que anda a fazer», conclui o responsável figueirense.