A Naval foi multada nesta segunda-feira em 10 mil euros por ter prestado falsas informações no preenchimento dos pressupostos financeiros para poder participar na presente edição da Liga. Entre os vários requisitos, os clubes, como é sabido, têm de fazer prova de não terem dívidas a jogadores ou treinadores, podendo, em alternativa, apresentar um acordo escrito de regularização, com assinatura reconhecida.
A Comissão Disciplinar da Liga considerou, no entanto, que o clube tinha conhecimento da dívida a um jogador, Igor, a quem não havia sido pago o mês de Abril referente à época de 2008/09, e também não apresentou qualquer acordo escrito e assinado pelo atleta, para saldar o valor em atraso.
Já a interpretação dos figueirenses é diferente. Para Nuno Mateus, responsável jurídico da Naval, trata-se de um mal menor em relação aos primeiros cenários que apontavam para uma eventual descida de divisão ou perda de pontos, mas, «por uma questão de honra», a multa será brevemente alvo de um apelo junto do Conselho de Justiça.
«Vamos analisar o acórdão com toda a serenidade e é muito provável que venhamos a apresentar recurso. Para nós, não houve dolo, apenas negligência consciente e, como tal, não haverá lugar a punição», referiu o advogado ao Maisfutebol, aproveitando ainda para evocar outros casos: «Javier Balboa veio a público acusar o Benfica de não lhe pagar ordenados, embora sem os especificar, e houve clubes, como o Belenenses, Leixões ou V. Setúbal, que apresentaram os tais acordos mas os jogadores não receberam. E por que razão a Liga não instaurou processos? Porque não houve denúncia. Querem melhor denunciante do que as televisões, rádios ou jornais?»
A defesa da Naval neste caso baseia-se no facto de ter sido feito um acordo verbal, no final da época, com vários jogadores, entre os quais Igor, para a regularização salarial. Daí a negligência, já que, segundo os regulamentos, esse entendimento deveria ter assumido forma escrita, mas os figueirenses recusam qualquer tentativa premeditada de ludibriar a Liga.