O aparente afastamento de Aprígio Santos da Naval - recusou candidatar-se a mais um mandato, mantendo-se, todavia, na comissão administrativa entretanto criada - não passará de um estratagema para pressionar a Câmara da Figueira da Foz a aceder ao projecto do clube para edificação de um estádio próprio, onde funcionaria também a sede da colectividade, destruída num incêndio no final dos anos 90.
«Essa estratégia pertence ao presidente e eu não vou, de maneira nenhuma, divulgá-la. A forma como ele a desenvolveu e a preparou ou como ele a pensa, também não serei eu a divulgá-la. Conheço-a, porque lido de perto com ele, falo muito com ele, e comungo dos mesmos objectivos», afirmou Ulisses Morais, treinador da Naval, à margem da ceia desta quarta-feira, destinada a assinalar os 115 anos do clube, mas que ficou marcada pela ausência de Aprígio Santos, pela primeira vez nos últimos 18 anos.
Sintomático é o facto de o técnico continuar a tratar o dirigente pelo seu antigo cargo, ao mesmo tempo que, apesar de fazer a destrinça entre o lado desportivo e a gestão do clube, se mostra um partidário das suas ideias: «Nós passamos claramente ao lado de tudo aquilo que possa ser a estratégia directiva do presidente, mas estou, inequivocamente e sempre, ao lado dele em tudo o que ele achar que será bom para o clube. Eu estou com ele, assim como ele esteve sempre comigo. Ele não deixou faltar nada nem a mim nem ao grupo de trabalho e eu farei o mesmo.»
Técnico também reclama novo estádio
Ulisses Morais, que viu o seu contrato renovado até 2010, vai um pouco mais longe nos elogios ao ex-líder navalista e partilha da necessidade de dotar o emblema figueirense de outras condições: «Todas as lutas que ele trava têm a ver com a Naval, com a melhoria e crescimento do clube. E, quanto a isso, não posso ficar indiferente. Estou solidário com ele. Estamos pela quarta época na Liga e precisamos de nos reforçar em termos de padrões consentâneos com essa exigência. É evidente que estas coisas não se fazem de um dia para o outro. É preciso um crescimento gradual de estruturas físicas. Sem essas condições não é possível realizar o trabalho desejado»
A Câmara, no entanto, expressou o seu desconhecimento em relação ao projecto para o novo recinto, através de Lídio Lopes, presidente em exercício da autarquia da Figueira da Foz.