Foi exactamente há um ano, no dia 30 de Abril de 2005, que a Naval viveu o dia mais feliz da sua vida. Na Póvoa de Varzim, a equipa conseguiu um empate com sabor a vitória, que a garantiu matematicamente na Liga pela primeira vez na história. Sinal dos tempos, ou de algo mais, um ano depois a equipa vive a situação precisamente inversa.
O clube até se encheu de euforia. Recordou a glória de há um ano e desejou que ainda houvesse coincidências. Não houve. O estádio ficou longe de encher - mesmo com seis mil bilhetes gratuitos ficou pela metade (5756 espectadores) -, a cidade mostrou não ter muito a ver com a equipa e a equipa mostrou não ter muito a ver com a Liga.
A precisar mais urgentemente de pontos do que de pão para a boca, perante um adversário tranquilo mas muito pachorrento e pouco esforçado, a Naval demorou uma hora a mostrar futebol de ataque e uma eternidade a criar situações de perigo. Só na segunda parte é que colocou Costinha em problemas e por isso adiou a tranquilidade.
Para já, e com os empates de Gil Vicente e Belenenses, mantém intactas as expectativas de permanência. Mais do que isso, depende apenas de si a partir de agora, sendo que uma vitória em Penafiel lhe garante a manutenção automaticamente, já que Gil Vicente e Belenenses jogam entre si e a Naval tem vantagem no confronto directo com os azuis.
Marcam leve, levemente
Mesmo assim, e apesar dos resultados alheios lhe assegurarem um certo conforto, a Naval vai precisar de muito mais do que mostrou hoje para vencer em Penafiel. E mais ainda para provar merecer a Liga. A formação de Rogério Gonçalves encontrou um adversário mole, com os objectivos praticamente garantidos, e respondeu com um futebol musculado, mas pouco intenso e sobretudo nada pensado. Tornou-se uma presa fácil para a U. Leiria que progressivamente foi tomando conta do jogo e num ritmo leve, levezinho, começou a criar perigo para a baliza de Taborda. Em duas jogadas rápidas, com aberturas que exploraram o posicionamento deficiente da defesa figueirense, a equipa de Jorge Jesus fez dois golos que praticamente arrumaram o jogo.
Na segunda parte a Naval ainda tentou reagir. Rogério Gonçalves tirou músculo para dar velocidade, trocando o trinco Tiago Fraga pelo extremo Saulo. A equipa melhorou qualquer coisinha e por breves minutos ainda dominou o jogo. Lito e Fajardo, em dois remates, criaram perigo, Léo Guerra fez mesmo um golo que foi anulado por fora-de-jogo. Mas tudo isto foi pouco. Tão pouco, aliás, que foi do outro lado que apareceram as melhores oportunidades de golo. Harison, Jaime, Paulo César e Lourenço tiveram tudo para construir uma goleada robusta que traria um reflexo mais justo à exibição pobre da Naval. Embora pecasse por premiar uma exibição da U. Leiria que só teve de aproveitar o desacerto alheio. E assim construir a confirmação matemática da permanência.