A NBA ainda mais a sério, a NBA como nunca a vimos nos playoffs e, é uma probabilidade, como a nunca mais venhamos a ver. A fase regular da liga norte-americana acaba nesta quarta-feira e a postseason começa sábado, com as 16 equipas que a vão disputar a estarem já definidas. Falta apenas atribuir os lugares finais, algo que os jogos desta madrugada e da próxima vão fazer. Serão uns playoffs únicos na história da Liga e esta poderá ser a última vez que eles se jogam com o formato que conhecemos há anos. A NBA vai mesmo mudar? 

Do Este para Oeste, qualificaram-se Indiana, Miami, Toronto, Chicago, Brooklyn, Washington, Charlotte e Atlanta; San Antonio, Oklahoma City, L.A. Clippers, Houston, Portland, Golden State, Dallas e Memphis.  

Gráfico interativo, passar rato para ver: as 16 equipas qualificadas: Conferência Oeste a azul, Conferência Este a vermelho



Sim, está à vista, não há LA Lakers, Boston Celtics nem NY Knicks. O que acontece pela primeira vez na história.

Desde o início, em 1949, que pelo menos uma destas equipas esteve sempre representada na postseason. Grande parte dessa responsabilidade cabe aos Lakers, com 60 presenças nos últimos 65 playoffs. Ou seja, será a sexta vez que os Minneapolis/Los Angeles Lakers não chegam à fase decisiva da época. Nada de surpreendente neste ano, uma vez que a equipa realizou a pior temporada de sempre.

Já Boston falhou nove nas últimas 20 temporadas. Mas os Celtics, tal como em 2007, têm um plano: a ausência na postseason é encarada como estratégica para a reconstrução da equipa.

A última vez que os Celtics falharam os playoffs foi em 2006/07. No ano seguinte foram campeões. Não é expectável que o consigam na próxima temporada, mas a verdade é que Danny Ainge é o general manager mais bem colocado para construir uma equipa de futuro: nos próximos três anos os Celtics têm sete escolhas na primeira ronda do Draft.

Ora, se Boston e LA têm quase tantos títulos de campeão (33) como o resto da NBA (34), os Knicks são um dos franchises mais ricos e apelativos da Liga. A temporada horrível de New York levou a uma série de decisões e ao regresso de Phil Jackson. Não como treinador [pelo menos para já], mas sim como general manager.

A temporada começou mal e mal tinha de terminar, mas os Knicks têm fé no mestre Zen que levou Chicago e LA aos últimos títulos de campeão e que agora está à frente das decisões de New York no mercado.

E que tal misturar as Conferências?

Falemos então de quem está. San Antonio tem o primeiro lugar garantido no Oeste e o melhor recorde da Liga. Quer isso dizer que terá sempre vantagem caseira. Os texanos foram finalistas vencidos em 2012/13, mas mais uma vez entram na corrida final com boas probabilidades. São uma das forças a ter em conta, evidentemente, com os Oklahoma City a serem uma das principais ameaças na Conferência: isto sem nunca descartar os Clippers, um dos quatro franchises [e desses o mais antigo] que está neste playoff e que nunca chegou a uma final da NBA.

Do outro lado estão os Pacers. A equipa de Indianápolis garantiu o primeiro lugar no Este graças à última má série de jogos dos campeões Miami Heat, com os quais se espera que decidam o finalista do Leste.

A equipa de LeBron James tem o quinto melhor registo da NBA, mas basta o nome do jogador mais influente da Liga para se perceber que os Heat vão lutar pelo three-peat: algo que ninguém consegue desde o tricampeonato dos Lakers de Shaq e Kobe Bryant em 2000, 01 e 02.

A discussão em torno dos playoffs é, porém, bem mais profunda. Passa para lá do imediato. Isto porque as diferenças de valor de uma Conferência para outra são notórias. O Oeste é mais forte. 

O novo comissário da NBA, Adam Silver


  

Basta ver o registo: Memphis foi a última equipa a conseguir um lugar nos playoff. Mas se disputassem a conferência contrária, seriam a terceira melhor equipa. Por outro lado, Atlanta é oitava no Este e seria apenas 11ª na conferência do lado do Pacífico.

Assim, começaram a surgir hipóteses de reformular os playoffs e o novo comissário da NBA, Adam Silver, não descarta a possibilidade. Entre as opções estão: passarem oito equipas de cada lado e depois os confrontos decidirem-se sem haver critério geográfico; passarem as 16 melhores equipas da fase regular, independentemente da Conferência a que pertencem.

Num exercício rápido, esta última hipótese resultaria em qualquer coisa como os playoffs serem assim neste ano, com o primeiro [San Antonio – Oeste] a jogar com o 16º [Charlotte – Este]:



* as posições das equipas ainda podem sofrer alterações

Como se verificaria, a Conferência do Oeste teria mais uma equipa - Phoenix – em lugar da oitava do Este – Atlanta.

Como tudo o que mexe com a Liga mexe com dinheiro, os donos levantaram a questão sobre a logística e as consequências financeiras que as deslocações provenientes de um novo figurino apresentariam.

Vejamos o que disse o novo comissário. «A minha ideia inicial é que devemos olhar para os playoffs de um modo novo. Quando estas conferências foram desenhadas, vivíamos numa era de voos comerciais. Era muito diferente mover as equipas pelo país. Hoje em dia, qualquer franchise tem um charter à disposição, o que muda tudo.»

É por esta ideia também que o formato da final foi alterado de novo, do 2-3-2, ou seja, com a equipa com melhor registo a fazer os jogos 1 e 2 em casa e, se necessário o 6 e o 7, para o 2-2-1-1-1 [jogos 1, 2, 5 e 7 em casa].

Um novo figurino poderia trazer também implicações numa série de rivalidades existentes e criadas ao longo dos anos pela aproximação geográfica [exemplo de Chicago e Detroit, patente também no futebol americano, ou Boston e NY patente ainda no baseball].

A NBA está em movimento e até poderá sofrer mudanças no futuro. Por isso, é melhor preparar-nos para o que aí vem, porque sábado pode ser o início do fim de algo.