Tiago Machado acabou por ser o melhor português na Volta a França, terminando em 72º lugar, ele que foi repescado depois de uma queda violenta. Foram quatro os ciclistas nacionais que conseguiram chegar ao fim e que fazem um balanço globalmente «positivo».

«O balanço foi positivo porque o objetivo principal era chegar a Paris e consegui. Mas fica sempre aquela dúvida: se não fosse a queda até onde poderia ir? Porque a condição física era boa, estava em terceiro na geral, já com alguma vantagem para muitos ciclistas, mas quis o destino que eu fosse deitado ao chão numa queda muito feia. Graças a Deus não parti nada, consegui chegar a Paris», disse Tiago Machado no final, citado pela Lusa. Recordando o dia da queda, quando terminou em último e chegou a ser dado como desistente, bem como o facto de ter feito 11 etapas depois disso, faz uma consideração pragmática: «O que não nos destrói torna-nos mais fortes, se não fosse tão violento não se chamava ciclismo.» 



  

Nelson Oliveira, campeão português de ciclismo de fundo ao de contrarrelógio, exibiu «um sorriso por ter chegado aos Campos Elísios» na sua estreia, terminando com a 87ª posição. «Estou contente por ter acabado o meu primeiro Tour de França, esse era o meu objetivo principal desde o início. Ao princípio era ajudar o Rui [Costa] que infelizmente teve de abandonar, mas ficámos aqui, terminei e estou contentíssimo com este Tour.» Nelson correu pela Lampre/Merida, a equipa do português e campeão do mundo de estrada Rui Costa, que desistiu devido a uma broncopneumonia.

Sérgio Paulinho, que foi 89º, também lamentou a perda do seu chefe de fila na Tinkoff-Saxo, Alberto Contador, mas terminou feliz com a sua prestação: «Apesar de tudo o que aconteceu durante o Tour, é um balanço bastante positivo com três vitórias e a da classificação da montanha. Entrar aqui nos Campos Elísios é sempre uma adrenalina bastante grande, ver todo o público, com a sensação de ter acabado mais uma corrida de um grande sofrimento.»

José Mendes, colega de equipa de Tiago Machado na NetApp-Endura, terminou na 124ª posição. «Estou contente por ter terminado a Volta a França. Era um sonho participar na maior prova de ciclismo mundial e o chegar a Paris é sem dúvida uma sensação incrível, independentemente do resultado que tenhamos conseguido na prova. Estar aqui hoje só por si é uma vitória, porque são três semanas de muito sofrimento e de muita dureza. No meu caso as sensações não foram as melhores, tive uma queda no primeiro dia e foi uma prova de bastante sofrimento», disse o corredor de 29 anos, elogiando ainda Tiago Machado: «Estava a fazer uma prova cinco estrelas e, de um momento para o outro, foi-se tudo abaixo, mas continuou em prova e terminou. Mostrou que pode estar com os melhores e consegue superar as dificuldades.»