Riscos de pôr já Neymar no onze do Barcelona? Tata Martino tem sido prudente na integração do Astro contratado ao Santos, mas ao colocar o brasileiro de início, esta noite, no mesmo onze onde estará Messi, está a mostrar que confia no bom senso do «menino-prodígio».

Rui Malheiro, especialista em futebol internacional, desenvolve a equação: «À partida, o principal repto para Neymar será o de aguentar a pressão em seu redor e a exigência dos adeptos em ver o ilusionista Neymar do Peixe e da canarinha a brilhar com a camisola do Barcelona. Até ao momento, tem ganho o desafio, não individualizando de forma excessiva os lances, não sentindo a necessidade de desequilibrar para cair em graça e evitando piscinas ou conflitos com os adversários após entradas mais ríspidas. O tempo confirmará uma asa esquerda de luxo com a sociedade com Iniesta e Jordi Alba, como também permitirá perceber a sua evolução na perceção dos momentos defensivos, que é praticamente nula. A opção Barcelona fez todo o sentido: chega a um clube habituado a ganhar e com uma mega-estrela como Messi que não o obriga a ganhar os jogos sozinho, o que aconteceria noutras paragens.»

Já poderemos apontar Neymar como o «novo Pelé» na lista dos «reis» do futebol brasileiro ou ainda será cedo?

Rui Malheiro põe as coisas em perspetiva: «Neymar não é um novo Pelé, como Messi não é um novo Maradona ou Cristiano Ronaldo não é um novo Eusébio. Maradona, Pelé e Eusébio serão sempre deuses do futebol mundial, os melhores jogadores do século XX dos seus países. Messi e Cristiano Ronaldo já atingiram o mesmo estatuto e são os dois melhores jogadores do futebol moderno. Messi como embaixador do futebol de rua, um mágico aparentemente negligente que não se enfada de forjar truques fazendo gala de uma capacidade técnica, de improviso e de definição ímpares. Cristiano Ronaldo como melhor futebolista máquina da história, com uma dimensão física impressionante e que insiste em procurar, através do treino intensivo, superar metas e recordes. Neymar, aos 21 anos, já é o rei do futebol brasileiro, mas ainda está a dar os primeiros passos para se consagrar na Europa. O desenvolvimento físico, mental, tático e técnico da experiência europeia torná-lo-ão num jogador mais completo. A chegada ao topo mundial poderá concretizar-se, no Maracanã, a 13 de julho de 2014. Precocemente? Provavelmente. Mas é isso que Neymar, tal como o Barnabé de Sérgio Godinho, tem que é diferente dos outros.»