Ray Rice foi despedido pelos Baltimore Ravens e suspenso por tempo indeterminado pela NFL por ter agredido a então noiva. Agora, uma decisão judicial diz que a decisão da Liga de futebol americano foi ilegal e que o jogador pode jogar onde quiser, quando quiser. O caso não fica por aqui, a expectativa agora é perceber se alguma equipa irá avançar para a contratação de Rice depois do que se passou. E perceber em que posição ficam os responsáveis da NFL, depois dos ziguezagues em que andaram neste caso.

Foi em fevereiro que Rice agrediu a então noiva, num elevador de hotel num casino em Atlantic City. Na altura, a NFL suspendeu-o por dois jogos. Até que em setembro foi divulgado um vídeo do interior do elevador, que mostrava a violência da agressão. Perante as reações da opinião pública, os responsáveis da Liga disseram que não tinham percebido a dimensão do que se passou e decidiram suspendê-lo indefinidamente, um castigo inédito. Em simultâneo, a equipa decidia despedi-lo.

Rice contestou o castigo, recorrendo a arbitragem neutral. O caso foi avaliado por uma juíza, a qual acolheu o argumento do jogador de que não tinha mentido ao comissário da NFL, Roger Goodell, quando foi ouvido da primeira vez. Que lhe tinha relatado exatamente o que se passou. E que, portanto, não havia dados novos que justificassem a segunda condenação.

«A NFL argumenta que o comissário Goodell foi enganado quando sancionou Rice da primeira vez. Porque, após análise cuidada de todas as provas, não estou convencida de que Rice mentiu ou enganou a NFL na audição de junho, considero que a suspensão por tempo indefinido foi um abuso discricionário e deve ser anulado», disse a juíza Barbara Jones. A NFL já disse que aceita a decisão, que Rice é um jogador livre e por isso está no mercado.

As reações à decisão foram diversas, mas há um ponto comum: as críticas à NFL e à sua atitude perante a violência doméstica, que o caso expôs. Na sua defesa, a Liga diz por exemplo que Rice apenas admitiu ter dado uma «palmada» («slapped», no original») em Jayna Palmer. O jogador (e outras testemunhas) dizem que usou a expressão «bater» (hit), acompanhada de um gesto. Todo o processo deixa claro como o problema, que é longe de ser único na NFL, é encarado pela Liga, que teria então decidido que o justo castigo à tal «palmada» seriam dois jogos de castigo, ponto final.

O caso pode ter consequências diretas para o comissário Goodell. Ainda nesta segunda-feira o Washington Post escrevia que os donos das equipas da Liga podiam tirar-lhe o poder disciplinar.

Quanto a Rice, encetou uma óbvia campanha para limpar a sua imagem. Ao lado de Jayna, que entretanto se casou com ele e tem defendido o marido, com o argumento de que a agressão foi «um erro» de que ele se arrependeu. Jayna, e também Rice, têm-se desdobrado em entrevistas que passam a ideia de um casal feliz, que superou um mau momento.
 

Outras das questões é perceber se alguma equipa irá agora contratá-lo, com toda a bagagem que traz e numa fase adiantada da época. Segundo vários meios de comunicação norte-americanos, há várias equipas a ponderar fazê-lo. Da parte de muitos adeptos, a expectativa é pelo menos grande. Mal foi conhecida a decisão, o jogador tornou-se um dos nomes mais populares nas «Fantasy Leagues» da NFL.
 



A história de Rice não é única. E acontece numa altura em que também no futebol, em Inglaterra, se debate se há futuro desportivo depois de um crime: no caso de Ched Evans, jogador do Sheffield United que cumpriu dois anos e meio de prisão por violação
. O clube chegou a readmiti-lo nos treinos mas recuou
, perante a reação da opinião pública.