A situação do Sporting só permite fazer perguntas.

1. Era mesmo necessário um avançado? Apesar de os objetivos já não serem grandes, o Sporting precisa de fazer golos e ganhar jogos. Já passaram por ali jogadores da equipa B, mas a confiança não parece ser grande. Se Wolfswinkel se constipar haverá pânico.

2. Por quê no fim do tempo? A necessidade de ter mais um ponta-de-lança já era grande. Não sei se alguém achava que Viola podia ser esse jogador. Se a resposta é sim, quem o recrutou enganou-se. O argentino não é a solução, sobretudo num sistema de apenas um avançado. Estando a necessidade identificada, é complicado perceber por que motivo ficou a contratação para os últimos dias.

3. Quem sabe de regulamentos? A estrutura do Sporting já tinha deixado à vista a sua fragilidade no episódio do jogo adiado na Liga Europa (entre outros episódios). Nessa altura escrevi que o clube não estava preparado, simplesmente não estava. Aparentemente, nada foi feito desde aí. É inexplicável que o Sporting não saiba tudo sobre um jogador que deseja contratara. Isto indicia que decisões da maior relevância são tomadas de forma ligeira e isso não pode ser uma boa base para construir.

4. Como se comunica? Mais uma vez o Sporting foi desastrado (para utilizar uma palavra simpática) a comunicar. Primeiro afirmou que Niculae era reforço, em texto no site oficial. Umas horas depois, quando surgiu a informação sobre os dois clubes na Roménia, colocou online um comunicado onde reconhecia que tinha um «reforço» mas não sabia o que fazer-lhe. A ser exato o que foi escrito, o Sporting já saberia a situação do futebolista. Mas isso só torna incompreensível o anúncio de Niculae como reforço. Ou seja, nada do que foi dito fazia sentido.

5. Inscrever? A única boa decisão do dia foi não inscrever Niculae. Assim o tema será motivo de conversa e vergonha durante três dias, logo se seguirá outra notícia. Se tivesse ficado, o Sporting correria riscos sérios e seria confrontado com este péssimo passo durante o resto da época.

6. F.C. Porto salvador? Falhou Niculae, voltou a hipótese Kléber. Os dois clubes já tinham tentado, sem sucesso. Quando se viu perdido, o Sporting voltou a perguntar pelo brasileiro. Chegou a acordo com os portistas, mas não foi capaz de convencer um jogador lesionado, sem perspectivas de competir. Foi mais uma demonstração de incapacidade, que o Sporting dispensava. Até porque sublinhou uma realidade incómoda: quando está em apuros, alguém em Alvalade telefona para o Dragão. Negócios entre rivais fazem sentido. Ser auxiliado por alguém com quem se devia discutir o campeonato é difícil de compreender e levanta diversas questões.

7. Responsáveis? A falha maior é de quem devia conhecer os regulamentos e o percurso dos jogadores. Desconheço em detalhe a organização da SAD leonina para poder apontar um nome. Até porque em processos desta dimensão participam diferentes pessoas, com distintas competências. Seja qual for a conclusão, era fundamental que existisse uma. Ou seja, Godinho Lopes deveria explicar o processo aos sócios e adeptos, até para lhes garantir que tomou medidas no sentido de não se repetir. É evidente que isso não sucederá, pelo que tudo recairá sobre Jesualdo Ferreira, treinador com conferência de imprensa marcada para esta sexta-feira. Quem trabalha no Sporting, hoje, arrisca muito.

NOTA: Duas horas depois de ter escrito este texto, o Sporting enviou mail às redações a informar que Godinho Lopes dará conferência de imprensa às 12:30. Pelo menos isso.