A democratização da prova com a assinatura de Michel Platini deu visibilidade a clubes de origens pouco abastadas, mas poucas audiências às televisões que pagam milhões pelos direitos de transmissão. No fundo, todos acham bem estender a Champions, mas no fim as receitas não são aquilo que esperam.

Por isso, há mais de três anos começou a ouvir-se falar da Super Champions League. 

Os clubes mais poderosos querem mais dinheiro. Querem verdadeiramente garantir que, mesmo que o campeonato nacional corra mal, estarão sempre garantidos na nova competição.

Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália comandam a ideia de uma reforma no modelo atual da Liga dos Campeões. A Associação Europeia de Clubes, presidida por Andrea Agnelli, o homem forte da Juventus, afirma que o processo está no início, mas assegura que no final a nova competição será aberta a todos.

Há muitas dúvidas que assim seja. Pelo menos para já.

As fugas de informação dão conta da ideia de super jogos ao fim de semana, o que a verificar-se vai prejudicar gravemente os campeonatos nacionais, remetendo jogos para o meio da semana. Significaria que, por exemplo, para Portugal, desportivamente seria um desastre, mas a compensação chegaria através da via económica.

Portugal estaria numa espécie de Pote 2, ao lado da França e da Rússia, com dois clubes com entrada direta. Dos 32 clubes participantes na fase de grupos, 16 seriam ingleses, espanhóis, alemães e italianos. 

Esta é a ideia dos grandes da Europa, mas é difícil que no fim seja exatamente assim como foi desenhado por eles.

A Associação das Ligas Europeias, por exemplo, não dá tréguas à ideia de uma Super Champions League dos clubes mais ricos. O calendário dos campeonatos não é negociável e não admitem transferências dos jogos para outros dias da semana.

Neste momento a confusão é grande e a indefinição também. Não há consensos. Como travar esta Super Champions League de que se fala? Ninguém sabe.

«Nota artística» é um artigo de opinião de Henrique Mateus, jornalista da TVI, que escreve neste espaço às quarta-feiras de três em três semanas.