O nome desperta sentimentos contraditórios nos benfiquistas: Azar Karadas. Para alguns, apenas mais um flop na lista de contratações; para outros, um avançado honesto e extremamente útil na caminhada para o título de 2005.

A 7 de Maio desse ano, Karadas vestiu pela última vez de águia ao peito. Lançado por Trapattoni em Penafiel, face à ausência de Nuno Gomes, deu ao intervalo lugar a Delibasic. O Benfica perdeu e teve de esperar mais duas semanas para celebrar o campeonato.

Cinco temporadas depois, Azar é defesa-central numa humilde equipa turca, o Kasimpasa. Joga com pouca regularidade, raramente se destaca e, em boa verdade, parece algo conformado com a vulgaridade. Após a passagem por Portugal, jogou no Portsmouth (Inglaterra), no Kaiserslautern (Alemanha) e no Brann (Noruega).

Karadas e o polémico penalty frente ao Estoril

Sempre longe dos golos, sempre humilde e esforçado. «Na passagem pela Alemanha voltei a ser defesa central. O treinador achava-me muito útil nessa posição. Dizia-me que nunca devia ter jogado a avançado. Talvez tivesse razão», explica ao Maisfutebol, depois de saber que fez o último jogo oficial pelo Benfica há cinco anos.

«Não me lembro do Penafiel. Marquei algum golo? Não? Bem, foi um prazer estar no Benfica e ganhar o campeonato. Não marquei nessa noite, mas a época não me correu mal, joguei muitas vezes [n.d.r. Karadas fez 27 jogos e quatro golos na Liga 2004/05].»

«O Mantorras era o meu amigo do banco»

Desde Istambul, onde reencontrou a família paterna, Karadas segue com «a frequência possível» os jogos do Benfica. «Vim para a Turquia com o objectivo de jogar e aprender uma nova cultura. O meu pai é turco e está há muitos anos na Noruega. Assim, juntei o trabalho e a possibilidade de conhecer familiares que só conhecia de fotografia.»

«Vejo o Benfica na televisão muitas vezes e tem uma equipa muito boa este ano. É melhor do que a do meu tempo, sim, não me custa nada admiti-lo», confidencia, extremamente acessível. «Para mim é óptimo saber que a equipa pode voltar a ser campeã. Sabe, depois do que vi há cinco anos, percebi que em Portugal o futebol é muito mais do que um simples jogo. Imagino que os adeptos do clube estejam eufóricos. Também me sinto benfiquista.»

As recordações surgem em catadupa. Simão, Luisão, Trapattoni, Mantorras, Nuno Gomes¿ Karadas tem os nomes na ponta da língua. «O senhor Trap gostava de mim, tenho essa ideia. Fui titular logo no início e marquei dois golos ao Beira-Mar. Que sensação! Olhava para o meu lado e via o Simão e o Nuno Gomes a fazerem o que queriam da bola. O Mantorras era o meu amigo de banco, como lhe dizia. Era apaixonado pelo Benfica e pelo jogo.»

Karadas, tosco? «Não sou nenhum Maradona»

A provocação era incontornável. Afinal, Karadas assume ser tosco ou não? A resposta sai bem-humorada. «Posso garantir que não sou nenhum Maradona. Mas, mais a sério, as pessoas devem perceber que o futebol na Noruega é diferente. Lá ninguém dá mais do que dois toques na bola. O importante é a organização. Em Portugal todos querem fazer fintas. Eu não sou jogador de fintas, é verdade.»

E já agora, qual terá sido o melhor golo apontado por Karadas em Portugal? «Essa escolha é fácil. Foi o que marquei ao Nacional, no Estádio da Luz.»

O golo de Karadas ao Nacional: