Nunca foi tão fácil a qualificação para uma grande competição como será para o Euro 2016, em França. Até um dos terceiros classificados do grupo pode apurar-se diretamente para um campeonato que foi alargado a 24 equipas. E Portugal deverá voltar a abordar o sorteio, marcado para 23 de fevereiro de 2014, como cabeça de série, portanto entre as equipas que terão adversários teoricamente mais fáceis.

A UEFA vai divulgar os pormenores do sorteio depois do próximo Comité Executivo, a 24 de janeiro, mas já anunciou que a hierarquia será definida em função do seu coeficiente de seleções, elaborado a cada dois anos, precisamente antes da definição das qualificações e das fases finais. O ranking terá em conta os resultados do Mundial 2010 (qualificação e fase final), do Euro 2012 (qualificação e fase final), e da qualificação e play-offs para o Mundial 2014, numa ponderação de vários dados, que vão das vitórias aos golos marcados e sofridos. Os dois últimos contam a dobrar, numa proporção de 20, 40 e 40 por cento.

Tendo em conta estes dados, várias estimativas realizadas por analistas que se dedicam habitualmente a estas contas apontam Portugal como sexto classificado, portanto com lugar num primeiro pote, presumindo que esse primeiro pote terá nove equipas. Dessas, duas são a anfitriã França e a Espanha, campeã europeia em título, se se qualificar.

Em nome de mais jogos e mais receitas, a UEFA mudou e muito o formato da prova, mas também da fase de apuramento. As 53 seleções que entram no sorteio (a França está apurada como anfitriã) vão dividir-se por nove grupos, de cinco ou seis equipas. Apuram-se diretamente os dois primeiros de cada grupo mais o melhor terceiro, enquanto os outros terceiros jogarão play-offs entre si pelos últimos quatro lugares.

A UEFA trouxe também para as seleções o conceito de market pool que já é usado nas competições europeias de clubes. E definiu que os países «cujos mercados tenham contribuído mais para as receitas das qualificações de Europeus entram nos grupos de seis, respeitando os coeficientes». Ou seja, as seleções dos países mais ricos e com mais potencial televisivo terão mais jogos.

Foi também a olhar para o negócio que a UEFA mudou as datas dos jogos, que passam a realizar-se ao longo daquilo a que o organismo chama «semana do futebol». Na prática, significa jogos mais espalhados ao longo dos dias. Oito ou dez partidas por dia, em vez das 20/30 até agora, portanto maior visibilidade televisiva. E também menor intervalo entre jogos.

Se até agora as datas habituais das duplas jornadas eram a sexta-feira e a terça-feira, agora são várias, mas que terão à partida menos um dia de intervalo. Uma equipa que jogar à quinta-feira poderá voltar a jogar no domingo, por exemplo. Aliás, a UEFA já definiu as datas dos jogos, que se jogarão às 19h45. Para as datas de fim de semana, sábado e domingo, haverá um segundo horário, 17h:

Jornada 1: 7/8/9 Setembro 2014
Jornada 2: 9/10/11 Outubro 2014
Jornada 3: 12/13/14 Outubro 2014
Jornada 4: 14/15/16 Novembro 2014
Jornada 5: 27/28/29 Março 2015
Jornada 6: 12/13/14 Junho 2015
Jornada 7: 3/4/5 Setembro 2015
Jornada 8: 6/7/8 Setembro 2015
Jornada 9: 8/9/10 Outubro 2015
Jornada 10: 11/12/13 Outubro 2015

Curiosamente, enquanto a UEFA, após contacto do Maisfutebol, adiou qualquer explicação adicional sobre o sorteio para o Comité Executivo de janeiro, muitos pormenores dos critérios foram divulgados recentemente pela Federação da Roménia.

Dizia então o organismo romeno, cujas informações os serviços da UEFA também não quiseram confirmar, que serão oito grupos de seis equipas e um de cinco, que haverá condicionantes geográficas e até políticas. Entre estas, a UEFA já confirmou uma delas, a de que o sorteio assegurará que a Espanha e Gibraltar, aceite como 54º membro do organismo europeu à revelia da Federação espanhola, não se defrontarão. Gianni Infantino, secretário-geral da UEFA, foi citado na semana passada a admitir que Gibraltar «não defrontará a Espanha»: «Foi um dos critérios definidos.» Em nome da política, o sorteio deverá igualmente separar a Rússia e a Geórgia, bem como o Azerbaijão e a Arménia.

Quanto à questão geográfica, o plano da UEFA passará por introduzir as várias condicionantes num programa informático que definirá desde logo o calendário, acabando com as habituais reuniões de selecionadores para acertar datas. Essas condicionantes terão em conta evitar grandes deslocações nas duplas jornadas e evitar juntar equipas de zonas com invernos rigorosos nos mesmos grupos.