O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Leia a apresentação de Nuno Ferreira

NUNO FERREIRA, MK SIROCCO (EUA)

«Caros leitores amigos!

Esta semana irei falar-vos da experiência num summer camp de três semanas no Wisconsin, decorrido em julho sob temperaturas muito elevadas.

Nesta aventura, acompanhou-me Luis Filipe, que trabalhou comigo no CAC da Pontinha e atual meu colega no MK Sirocco, e também o meu grande amigo Rui de Paiva que tinha trabalhado comigo na Seleção Distrital de Lisboa.

Um summer camp é muito diferente de treinar uma equipa/clube porque estamos diante de dezenas de jovens apenas para trabalhar uma semana. Jovens de ambos os sexos e de várias idades. O treinar em função do jogo não se aplica aqui.



Ficámos instalados num hotel nos arredores de Milwaukee e o primeiro acampamento foi no norte do Wisconsin em Stevens Point, a 3 horas de distância de carro.

O responsável da PFC Academy, na véspera, deu-me as chaves da carrinha, um telemóvel, um GPS, um cartão de crédito para atestar depósito e um contacto telefónico de alguém que nos esperaria nessa cidade para nos dar acolhimento e estadia.

Nunca tinha conduzido nos EUA, estávamos prestes a fazer uma viagem longa pela noite e não sabíamos onde iríamos dormir. A juntar a tudo isso fomos também avisados para termos cuidado com os veados, que por vezes aparecem nas estradas à frente dos carros.

Só mesmo na América, pensei para mim. A carrinha estava atestada de material de treino, bolas, uma tenda gigante, enormes barris de água entre outras coisas.

Como devem calcular foi uma viagem assustadora. Lembrei-me dos filmes de suspense em que, a cada instante, parecia aparecer um veado na estrada.

Quando chegámos a Stevens Point tudo mudou. Fomos muito bem recebidos, ficamos bem instalados, conhecemos pessoas espetaculares.

O nosso trabalho era duro, porque tínhamos de estar no campo às 8h00, encher barris enormes de água, tratar do gelo, montar tendas e cadeiras, montar os exercícios. As temperaturas rondavam os 40º graus.

Às 16h00 terminava o último treino e tínhamos de desmontar tudo outra vez e pôr tudo na carrinha, por fim falar com pais e atletas. Só por volta das 17h00 estávamos despachados. Mas depois vinha a recompensa.

O nosso contacto em Stevens Point providenciava-nos sempre momentos bons. Ora íamos jogar golfe, ora íamos beber uma cerveja num bar, ou jantar num restaurante junto ao rio.

As outras duas semanas foram nas cidades de Muskego e New Berlin, apenas a 40 minutos de distância do nosso hotel. A vivência foi diferente aqui, porque no final de cada dia voltávamos sempre ao nosso quarto, para descansar e tratar do almoço do dia seguinte.

Foi ótimo termos conhecido amigos novos no Wisconsin, pairou sobre nós um espírito de união e fraternidade que ainda hoje recordamos com muita saudade. Além disso tivemos outras pequenas dádivas que a própria América oferece.

Fomos a bons restaurantes, convivemos com a malta das Harley Davidson, estivemos diante de sósias do Elvis Presley, vimos um jogo de basebol profissional e fomos às cabines a meio do jogo dos Milwaukee Brewers.

Os jovens e a PFC Academy gostaram muito do nosso trabalho. Prova disso foi o feedback recebido por nós, dado pelos pais, atletas e responsável da PFC Academy. Foi tão bom que para o próximo ano já temos centenas de inscrições.

Na próxima semana irei abordar a pré-época no MK Sirocco, de todas as condições de trabalho e do primeiro torneio oficial antes dos campeonatos de Outono.

I'll See you soon!

Nuno Ferreira»