Num ano dominado pelo Bayern de Munique e pela afirmação da Bundesliga, não surpreende que venha da Alemanha grande parte das escolhas para os melhores do ano. Mas este é um onze doloroso de fazer, face à enorme quantidade de talento que fica de fora. Por isso, além de justificarmos as nossas opções, deixamos em baixo mais uma lista de 60 nomes que nos ajudaram a levar boas memórias de 2013.



Guarda-redes

No ano em que se tornaram indisfarçáveis os sinais de desgaste na santíssima Trindade das balizas dos últimos 12 anos (
Buffon, Cech e, especialmente, Casillas) e em que alguns jovens lobos ganharam estatuto de primeiro plano ( De Gea, Courtois e Mignolet acima de todos) o domínio das balizas pertenceu a Manuel Neuer, titular indiscutível da melhor equipa de clube e da melhor seleção da atualidade. Nem sempre os títulos conquistados têm relação direta com a qualidade, mas o ano mágico do Bayern começou na baliza -onde verdadeiramente começam as grandes equipas.

Lateral-direito

É raro um lateral ter tanto ascendente numa equipa a ponto de se reconverter, a dado passo da época, na principal referência do seu meio-campo. Mas Phillip Lahm é um jogador raro, definido pelo seu novo treinador, Pep Guardiola como «o mais inteligente» com quem já trabalhou. Em termos ofensivos e defensivos, o seu ascendente na temporada foi de tal forma óbvio que relegou para segundo plano valores incontestáveis como Daniel Alves (Barcelona), Glen Johnson (Liverpool), Pisczek (Borussia Dortmund), Ivanovic (Chelsea), Walker (Tottenham) ou Srna (Shakhtar Donetsk).

Centrais

2013 não foi um ano especialmente exuberante para os centrais, mas permitiu a Thiago Silva justificar o estatuto de central mais caro de sempre (42 milhões de euros em 2012). O brasileiro teve atuações destacadas na conquista do título francês e no crescimento do PSG como potência na Europa, e juntou-lhe a Taça das Confederações, prova onde formou uma dupla valiosa com David Luiz, que teve um ano mais irregular. A dupla de centrais brasileiros tem um suplente de luxo na figura do homem que mais troféus ganhou em 2013, Dante, intocável no Bayern. A influência de Piqué nas conquistas do Barcelona foi mais palpável do que nunca, enquanto um dos melhores especialistas europeus, Hummels, surgiu condicionado pelas lesões. A dupla Sergio Ramos-Pepe pagou o preço das oscilações defensivas no Real Madrid, que fizeram também a promessa Varane marcar passo. Pelo contrário, Kompany, confirmou-se como um dos líderes defensivos do ano, no Manchester City e na seleção da Bélgica.

Lateral-esquerdo

Numa altura em que referências da última década como Evra e Ashley Cole entraram na curva descendente, o Bayern de Munique juntou a Lahm, na direita, o melhor lateral-esquerdo da atualidade. Mas não procurem demonstrá-lo na seleção austríaca: a qualidade de David Alaba está tão acima da dos restantes compatriotas que joga como médio criativo, tendo sido o melhor marcador na fase de qualificação. Como Giggs, Bale, Ramsey ou Mkhitaryan, parece mais um caso de um grande jogador que por força da nacionalidade vai estar sistematicamente ausente das fases finais de Mundiais e Europeus. Ainda assim, ao longo do ano perfeito do Bayern, esteve sempre muito à frente de concorrência tão consagrada como Marcelo (Real Madrid), Jordi Alba (Barcelona), Filipe Luís (At. Madrid) ou Leighton Baines (Everton).

Médios

Com a maioria das equipas a optarem por variantes do 4x3x3 ou 4x2x3x1, há espaço para arrumar três médios no onze do ano: dois com vocação para todo-o-terreno e um para desequilíbrios criativos. Antes de Guardiola modificar o desenho do meio-campo do Bayern, com a inclusão de Lahm, Schweinsteiger foi, provavelmente, o médio mais influente da primeira metade do ano, até à consagração em Wembley. O alemão é capaz de jogar em zonas mais recuadas, mas as origens de atacante exprimem-se em terrenos mais adiantados. Um pouco à imagem de Yaya Touré, patrão do meio-campo do Manchester City e da Costa do Marfim, que nos últimos anos é sério candidato ao título de melhor box-to-box do futebol atual. Um trono a que jogadores como Gundogan (Dortmund), Matuidi (PSG) e Pogba (Juventus) também se candidataram. Num ano em que Xavi perdeu fulgor e influência, Pirlo (Juventus) terá sido o melhor dos trintões, enquanto Busquets (Barcelona) continuou a ser o melhor trinco posicional da atualidade. Matic (Benfica) e Khedira (Real Madrid) tiveram igualmente um ano muito forte.

No papel de médio criativo, as opções foram mais escassas, com dois nomes acima dos restantes: Özil escapou ao naufrágio merengue dos primeiros seis meses e vincou todas as qualidades ao transformar o Arsenal num sólido candidato ao título inglês, dando asas a jovens como Wilshere e Ramsey. Foi substituído no Bernabéu por Isco que depois de brilhar no Málaga conquistou o título europeu de sub-21 e se tornou na mais recente coqueluche dos adeptos merengues. Fábregas e Iniesta (Barcelona), Hazard (Chelsea), Götze (Dortmund/Bayern), Hamsik (Nápoles) e Müller (Bayern) também tiveram momentos brilhantes, mas de forma menos consistente do que os dois nomes referidos, enquanto Wayne Rooney viveu os melhores momentos numa posição mais recuada, como alimentador de Van Persie.

Extremos/Avançados

Para não variar, o ano foi rico em talentos ofensivos. O já habitual duelo de monstros entre Messi e Ronaldo prolongou-se até setembro, altura em que as lesões do argentino o deixaram fora de combate. Ainda assim, o que fez até então (45 golos em 49 jogos, mais o título de campeão espanhol e o de melhor marcador da Liga) torna-o presença incontornável no onze, mesmo na sua temporada de menor fulgor desde 2008. Pelo contrário, Franck Ribéry terá assinado a melhor época de toda a carreira, acumulando títulos, troféus, assistências e até golos (23 em 56 jogos, não sendo ele um especialista).

A terceira vaga terá de ser, forçosamente, para Cristiano Ronaldo
, a viver um período de enorme fulgor num Real Madrid que passou grande parte do tempo à deriva. Os quatro golos com que sentenciou o apuramento de Portugal para o Brasil foram a joia da coroa num ano em que marcou por 69 vezes em 59 encontros oficiais.

Mas é impossível fazer o retrato de 2013 sem dar destaque a extremos como Marco Reus (Dortmund), Gareth Bale (Tottenham/Real Madrid, melhor jogador da última edição da Premier League), o holandês Robben, quase tão influente como Ribéry e decisivo na conquista da Champions e ainda para o fantasista Neymar que, além de ter sido a estrela na Taça das Confederações, chega ao fim do ano a confirmar em pleno as expetativas criadas com as transferência para o Barça.

2013 foi, por fim, um ano espectacular para mais meia dúzia de especialistas de área. Van Persie foi determinante na conquista da Premier League por um Manchester United enfraquecido, enquanto Ibrahimovic cumpriu o prometido, semeando golos e espectáculo em Paris. Imune às polémicas e aos castigos, Luis Suarez transportou o Liverpool às costas, enquanto Lewandowski continuou a dar eficácia à máquina montada por Jürgen Klopp em Dortmund. Por fim, o Atlético de Madrid trocou fenómeno por fenómeno: Falcao brilhou antes de rumar ao Mónaco, mas ninguém pode dizer que com a explosão de Diego Costa os colchoneros ficaram a perder com a troca.