Paulo Roberto vestiu a camisola de herói em Mirandela: aos três minutos percebeu a hesitação do internacional Ricardo, correu cheio de fé, ganhou a bola, passou pelo guarda-redes e atirou para a baliza deserta o golo que fez a diferença e transformou o pequeno clube transmontano em tomba-gigantes.

O brasileiro, depois de marcar, respirou de alívio. «O ano passado tive o trauma de falhar o golo com o Beira Mar e vinha com isso na cabeça.» Pelo meio iliba Ricardo de culpas. «Quando o vi sair da baliza percebi que ia marcar, sabia que a bola ia ficar presa no relvado. Fui cheio de confiança e foi fácil marcar».

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Assim a vida tem mais encanto. Sobretudo para um carioca de gema, nascido e criado no Rio de Janeiro, que trocou o calor tropical por nove meses de inverno e três de inferno bem no coração de Trás-os-Montes. «Por isso no fim do jogo levantei os braços ao céu para agradecer a Deus», conta.

«Não é fácil para um estrangeiro estar noutro país. Bem pelo contrário, é muito difícil. Não tenho feijão preto, não tenho picanha, e sinto saudades disso tudo. Tenho de me adaptar ao arroz e à batata frita. Por isso agradeço a Deus. Confio muito nele e agradeço-lhe tudo o que me acontece em primeiro lugar.»

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Os sonhos não terminam em Mirandela, obviamente. «O meu sonho é chegar à Liga, é o sonho de todos os jogadores. Quero sentir o gostinho de estar lá. Estou numa equipa boa, numa equipa forte, com vários jogadores que sabem ter a capacidade para chegar lá. Nós só precisamos de uma oportunidade, só isso.»