Um desporto não é imutável. Pode e deve evoluir, sem que se desvirtue as ideias originais. Não acho que um chip numa bola ou o controlo electrónico nas linhas desvirtue o conceito original do jogo, nem que diminuir o factor erro seja algo de mau.

Engana-se quem pensa que será o fim do erro. Eles vão continuar a existir, tal como a polémica e as críticas. Os árbitros continuarão a ser uma desculpa quando as coisas não correrem bem. Mas é sempre um bom sinal quando se tenta fazer alguma coisa, nem que seja para acompanhar a modernidade.
Não me parece ainda que haja o risco da mecanização do futebol, desde que haja algum controlo e não se abuse nas paragens. O hawkeye no ténis ou as paragens no râguebi são bons exemplos de como tecnologia pode adaptar-se ao desporto e com algum sucesso, será necessário estudar a melhor forma de se adaptarem ao desporto-rei.

No resto, o jogo evoluiu: há hoje melhores bolas, equipamentos mais confortáveis, botas ainda mais certeiras, estádios modernos...

No entanto, reafirmo: não acabará com o erro, com a suspeição e com a polémica. Esse é uma questão cultural, que não se resolve com a tecnologia.

P.S. Hermínio Loureiro parece interessado em seguir em frente. Mesmo no caso «Apito Dourado». Na prática, o presidente da Liga de Clubes disse o óbvio. É inacreditável que o processo e a suspeição se arraste, sem que este seja julgado desportivamente. Em Itália, aconteceu precisamente o contrário. Primeiro puniu-se ou absolveu-se desportivamente, só depois entraram em campo os tribunais comuns.