90 minutos a olhar para Hulk resultam em muitos apontamentos e a recolha dos melhores momentos do jogo. O brasileiro jogou pela primeira vez como adversário do FC Porto no estádio do Dragão e rapidamente se percebeu como faz falta. Os adeptos aplaudiram-no, toda a gente o abraçou e ele agradeceu muitas vezes. Pelo meio fez um grande jogo, ao qual só faltou um golo. Mas saiu do estádio como quase sempre, com uma vitória no rosto.

Nas bancadas viam-se cachecóis com o seu nome e o número 12 que envergava. Até houve quem levasse uma máscara de carnaval do verdadeiro Hulk, aquela figura verde da banda desenhada. Um cartaz expressava o sentimento: «We miss Hulk». Simpático e claramente feliz por regressar, o brasileiro retribuía com abraços aos seus ex-colegas, com um saltinho ao banco de suplentes para cumprimentar toda a gente, mesmo Paulo Fonseca, com quem nunca trabalhou.

Todos sentiam a sua falta, mas naquele estádio ninguém tinha sabia o que é estar na pele de adversário daquele temível jogador. Hulk foi incrível do início ao fim: a primeira finta surgiu logo aos 45 segundos e a assistência para o golo aos 85 minutos. As melhores oportunidades do Zenit foram obra sua e só Helton conseguiu impedir que o avançado tivesse de enfrentar o dilema de marcar no Dragão e não festejar. A verdade é que não festejou depois de ter cruzado para o golo vitorioso de Kerzhakov.

«ESTOU FELIZ MAS NUNCA ESQUECEREI O FC PORTO»

Na primeira parte fez oito passes corretos e três falhados, sofreu uma falta, perdeu cinco bolas, rematou uma vez ao lado e correu mais de quatro quilómetros (4222 metros). Hulk fica ligado aos dois momentos-chave deste encontro, dado que para além da assistência ainda sofreu a falta que deu o amarelo a Herrera aos cinco minutos e marcou o respetivo livre em que o mexicano saiu demasiado cedo da barreira para ser expulso. Antes do primeiro quarto de hora, mais um grande remate aos sete minutos e um outro remate cruzado ao lado depois de ultrapassar Otamendi e Mangala.

O segundo tempo trouxe um Hulk ainda mais perigoso, aproveitando o crescendo da sua equipa e o défice físico do FC Porto. Fez três passes certos, um falhado, cometeu uma falta, rematou uma vez ao lado, três à baliza, perdeu oito bolas e fez uma assistência. O primeiro aviso surgiu aos 57 minutos, quando Otamendi perdeu a bola e isolou o brasileiro, que rematou rasteiro, mas viu Helton fazer uma grande defesa com o pé esquerdo. O guarda-redes será, aliás, o jogador que melhor conhece os remates do temível avançado, depois de terem passado quatro anos a treinar juntos. Essa experiência viria a ser útil mais tarde, primeiro aos 65 minutos, numa autêntica «bomba» de livre, quatro minutos depois quando Hulk tentou aproveitar o adiantamento de Helton (esta também viu nos treinos) e finalmente aos 72, em novo livre.

Mas o momento decisivo surgiria bem perto do final, quando o avançado descobriu Kerzhakov na área, desmarcado entre Otamendi e Danilo, e colocou a bola com a precisão que só pertence aos predestinados. A cabeça do russo fez o resto, impondo a segunda derrota em casa do FC Porto na Liga dos Campeões.

Hulk no Dragão foi igual a si mesmo: influente, marcante e decisivo. Correu mais de oito quilómetros e meio (8644 metros), rematou mais do que todos os outros, esteve em todos os momentos importantes do jogo e só não marcou. Saiu vitorioso do «seu» estádio, frente aos «seus» adeptos, como nunca se cansou de dizer. Agradeceu, foi aplaudido e até deve ter dado um saltinho ao novo museu do clube para ver a sua estátua, mérito de quem foi escolhido para figurar no melhor onze da história. O problema é que nisto tudo quem perdeu foi o Porto e isso faz toda a diferença.