Na primeira época subiu o Estoril.

Na segunda manteve a estrutura e qualificou-se para a Liga Europa.

Na terceira vendeu os jogadores que mais se destacaram, apurou-se para a fase de grupos da Liga Europa e demonstrou neste início de época que pode voltar a andar lá em cima.

Ainda na segunda época de Marco Silva, o Estoril foi à Luz e impediu o Benfica de ser campeão. Pelo menos foi isso que muita gente registou. O que se passou nessa noite foi um pouco mais, foi uma equipa com muito menos armas a ser inteligente e sólida.

Nesta terceira época, o Estoril foi, para já, a primeira equipa a conseguir parar o FC Porto.

Isto é também o que vai ficar para a história, mas o jogo foi, outra vez, mais do que isso.

Houve o penálti fantasma, sim, mas não é disso que falo aqui.

Na primeira parte, o Estoril conseguiu controlar o jogo impedindo o FC Porto de construir, como reconheceu Paulo Fonseca e salientou Marco Silva.

A equipa portista tem hoje em dia duas formas preferenciais de sair a jogar: por Otamendi, que depois procura o passe longo ou coloca na direita em Danilo ou Varela; e por Defour, que baixa muito e imprime velocidade logo de trás.

Nenhuma delas funcionou porque Marco Silva colocou sempre muito bem os três médios. Sobretudo Evandro, para mim o melhor jogador da Liga até este momento.

O Estoril voltou a ser uma equipa extremamente equilibrada e organizada, talvez o seu traço primordial desde que Marco Silva se senta no banco.

Teve também aquilo que nunca lhe faltou neste anos: alma. Ter alma no futebol é nunca desistir e ser capaz de se alimentar de pequenas coisas.

O Estoril é assim. Acredita sempre e muitas vezes acredita a partir de um drible que sai bem, de uma corrida feliz de um extremo, de um remate de Luís Leal que não sai longe. Se o adversário se distrai nem que seja por um instante, eles acreditam.

O Estoril é uma equipa admirável e o trabalho de Marco Silva prova que no futebol poucas vezes as coisas boas acontecem por acaso. E seguramente nunca em três épocas consecutivas.

PS: O que mais admiro em Evandro é a capacidade de decisão. Há médios muito bons na Liga, para todos os gostos. Mas não há muitos com aquela capacidade de saber o que fazer em cada instante. Passo? Driblo? Corro? Remato? Sem Carlos Eduardo, Marco Silva encontrou em Evandro o médio a quem entregar o jogo do Estoril. Está bem entregue.