Há 100 anos começou a I Grande Guerra. E este ano de 2014 tem sido marcado por vários acontecimentos que assinalam o início de um dos conflitos mais mortíferos da história da humanidade. Mas também da guerra ficam histórias que são recordadas pela sua bondade. E «o jogo das tréguas» é uma delas.

É esse jogo que aqui se evoca. «O jogo das tréguas» aconteceu cerca de cinco meses depois de estalar a guerra. Foi no Natal de 2014 que essa partida de futebol aconteceu e foi jogada entre sodados das forças aliadas e das forças alemãs.

Desde 2011 que esse jogo é recordado em Ypres, na Bélgica, com a realização do Torneio Internacional das Tréguas de Natal. As equipas de sub-12 jogam na lembrança do tempo da guerra em que os soldados o fizeram. Neste ano especial, vão estar envolvidas equipas de jovens jogadores de clubes da Alemanha, França, Bélgica, Áustria, Escócia e Inglaterra.

O papel dos clubes ingleses é fundamental nesta homenagem feita pelos sub-12 de todas as 20 equipas da Premier League – que marcaram para este fim de semana o torneio inglês das tréguas para apurar os dois finalistas que voltarão a Ypres nos dias 13 e 14 de dezembro. Voltarão porque, neste ano, as equipas inglesas decidiram fazer o seu torneio de apuramento na cidade belga.

É ano de centenário e grande parte dos jogos ficaram marcados para o novo campo da cidade de Ypres e do clube local - o Campo das Tréguas de Natal -, cuja construção teve o patrocínio da Premier League. A presença inglesa na Bélgica durante o fim de semana foi retribuída com o envolvimento das crianças numa série de actividades para o conhecimento do que foi a I Grande Guerra, bem como na prestação das homenagens aos combatentes.

O envolvimento dos jovens no acontecimento que recorda o jogo de futebol entre inimigos em tempo de guerra tem sido preparado com antecedência e, já neste mês, jovens jogadores dos clubes ingleses e de clubes alemães juntaram-se em Liverpool para gravar uma música do «jogo das tréguas». A canção é uma nova versão da música dos The Farm «All Together Now», agora cantada nas suas línguas e vestindo as camisolas dos seus clubes.



A I Grande Grande Guerra começou em julho de 2014. A 7 de dezembro, o Papa Bento XV pediu que os países inimigos fizessem um cessar-fogo durante a época do Natal. As mais altas cadeias de comando recusaram qualquer período de tréguas. Mas quem combatia nas trincheiras pôs em prática um cessar dos combates, que não só incluiu celebrar o Natal com os seus companheiros de armas, mas também com o «inimigo».

Os soldados dos dois lados das barricadas cantaram canções de Natal juntos, o espírito de paz natalício sobrepôs-se ao status bélico, houve troca de presentes em vez de troca de tiros. Houve jogos de futebol. Houve jogos de futebol entre inimigos de armas.

O mais famoso – que assim ficou, dependente da reduzida documentação sobre estes jogos e a despeito de quem contesta que este jogo (ou outros) tenha(m) acontecido – jogou-se no dia de Natal, em Ypres, na «terra de ninguém», na frente ocidental da Guerra. Colocou frente a frente os soldados das tropas aliadas e os das tropas alemãs.

O resultado que ficou para a história foi o de um jogo de futebol que permanece como símbolo de que o pior dos confrontos pode parar nem que seja por um dia. Como agora será lembrado no Torneio Internacional das Tréguas de Natal. E, com mais ou menos provas da sua existência, é parte da história. E faz parte do presente – como uma marca de chocolates aproveitou para atualizar na campanha para o Natal deste ano, 100 anos depois do primeiro conflito entre nações à escala mundial.