O Rei chegou a Lisboa em dezembro de 1960. Escondido, disputado até à exaustão por Benfica e Sporting. Os leões, dominantes no período pré-Eusébio, temiam o impacto do avançado no maior rival. Tinham razão.
O Benfica viria a conquistar a Taça dos Campeões Europeus em maio de 61, ainda sem o contributo do Pantera Negra, mas seria Eusébio a reforçar a dimensão internacional do emblema encarnado.
A sua chegada mudou o equilíbrio de forças no futebol português e contribuiu para a sua afirmação europeia.
Com a camisola do Benfica, Eusébio conquistou onze campeonatos nacionais, na famosa sequência 3-1: três títulos para a equipa da Luz intercalados por um título para o Sporting. Os encarnados levantaram ainda, por cinco vezes, a Taça de Portugal.
A década de 60 foi um período dourado para o clube da Luz e, nesse período, alargaram-se definitivamente as fronteiras do futebol lusitano. O Pantera Negra conduziu o Benfica a quatro finais da Taça dos Campeões Europeus.
Em maio de 1962, de nada valeu ao Real Madrid o hat-trick de Puskas. Do outro lado estava Eusébio. 5-3 e a glória europeia.
Eusébio voltaria para outros três jogos decisivos, mas em todos o Benfica caiu. O avançado foi o melhor marcador da Taça dos Campeões Europeus em 1965, 1966 e 1968. Insuficiente, ainda assim.
O Velho Continente aprendera a respeitar um internacional português, a olhar para o nosso futebol de outra forma. Em 1965, o Rei conquista a Bola de Ouro, vencendo duas Botas de Ouro – prémio que distingue o melhor marcador do futebol europeu – anos mais tarde.
A carreira de Eusébio foi feita de golos. No campeonato português, o jogador do Benfica foi por sete vezes o melhor marcador, estabelecendo um recorde que perdura até aos dias de hoje. O clube atingiu um patamar superior no seu legado e não o queria deixar partir.
O Rei ficava em solo lusitano. O Inter de Milão foi o principal candidato ao seu concurso, em 1996, mas a hipótese de uma transferência caiu por terra.
Eusébio da Silva Ferreira continuou a espalhar magia pelos relvados nacionais até 1975. Seguiram-se os Estados Unidos da América, o Canadá e o México. Pelo meio, dois regressos breves para representar Beira Mar e União de Tomar, antes da despedida final em 1980.
O Pantera Negra deixara obra feita, ainda assim. Portugal tinha agora outra dimensão. Desde 1960, os clubes nacionais disputaram 16 finais europeias.
Por outro lado, o Benfica viveu o seu melhor período com o avançado na equipa. No seu legado, conquistou onze campeonatos nacionais em quinze anos. Desde a sua saída, conquistou apenas outros onze.
De facto, analisando os 38 campeonatos desde o adeus de Eusébio ao Benfica, os números são claros: onze títulos para os encarnados, quatro para o Sporting, um para o Boavista e vinte e dois para o FC Porto.