Morreu Prince. Há mais um obituário para escrever neste ano de 2016 sobre um dos mais famosos músicos do século XX a partir dos anos 80. É um dos momentos em que as estrelas descem à terra mesmo que a sua evocação seja vestida pelo que as elevou acima dos outros mortais. Mas, como mortais que também são, têm gostos comuns a muitos outros. Prince gostava de desporto e manteve uma relação próxima com várias modalidades a vários níveis.

A mais recente deixou-se ver há cerca de um mês e meio quando se mostrou publicamente a apoiar os Golden State Warriors; a equipa que estabeleceu há uma semana o recorde de vitórias na fase regular (73) do campeonato profissional de basquetebol dos Estados Unidos; a equipa que está a ser lançada para o estatuto de melhor de sempre da NBA; a equipa de Stephen Curry, o jogador que nessa fase regular passou os 400 lançamentos triplos numa temporada e de quem se diz que pode conseguir o que ninguém conseguiu: ser o MVP da época eleito de forma unânime.

Ainda em fevereiro, Prince confessou a sua admiração pelo segundo base dos Warriors. «Com o que é que podemos contar para além de Steph Curry? E podem contar com o Steph Curry», afirmou o músico num concerto em Oklahoma, a cidade da equipa campeã em título da NBA. No início do mês passado, Prince esteve na primeira fila da Oracle Arena a ver a vitória dos Warriors sobre os Oklahoma City Thunder.

E a ver mais uma atuação dos seu atual ídolo do desporto (sentado, no canto inferior esquerdo).

Quatro dias depois, Prince tomou as rédeas do apoio à equipa atuando na Oracle Arena, num jogo em que os Warriors igualariam o recorde (de 44) vitórias em casa. «Entrem para a História. Eu sei que Steph Curry está lá», disse.

Mas o músico de vários alter ego também não foi adepto de uma só equipa ou de uma só modalidade. Nascido em Minneapolis, no estado do Minnesota, por várias vezes juntou a sua imagem e talento às equipas da sua região natal. Para os Minnesota Vikings (futebol americano) escreveu em 2010 uma canção chamada «Purple and Gold» (as cores da equipa). No ano passado, surpreendeu a equipa profissional de basquetebol feminino Minnesota Lynx com um concerto privado depois de terem vencido o campeonato da WNBA.

As manifestações do desporto dos EUA reconheceram-lhe a grandiosidade e agradeceram-lhe. Só a nível institucional, as homenagens sucederam-se desde os Minnesota Timberwolves (equipa da NBA propriedade de Glenn Taylor, também dono das Lynx), aos Minnesota Twins (beisebol), aos Minnesota Wild (hóquei no gelo).

Mas os tributos não foram só no seu estado natal. Os Golden State Warriors também homenagearam o músico, por exemplo. Curry deu o mote no sistema de som e a equipa treinou ao som das músicas ícone como «Purple Rain» ou «When Doves Cry».

O basquetebol sempre teve um lugar especial no gosto desportivo de Prince. Desde os tempos de liceu, quando ele jogou na equipa da escola. Há pouco mais de um ano, um jornalista do «Star Tribune» republicou nas redes sociais uma fotografia de arquivo que se tornou viral. A mega estrela da música Prince na equipa de basquetebol do (liceu) Bryant Junior High.

É ele, em ponto grande à esquerda, numa ampliação tirada da fotografia de equipa onde está com o nº3 no canto inferior direito. Prince era bom jogador de basquetebol. Chegou a «treinar uma equipa» da igreja quando andada «no nono ano». As revelações foram feitas por um seu antigo treinador no liceu.

Richard Robinson já via que «a música chamava-o», mas também via no jovem estudante nascido Prince Rogers Nelson (a 7 de junho de 1958) um talento para o jogo, mas cuja altura de 1,58 metros o impediu de ir mais longe. «Prince era um excelente jogador; era o sexto ou sétimo elemento», contou numa entrevista descrevendo-o como um «excelente transportador de bola, bom atirador e muito baixo».

A fronteira entre o jogador que tinha potencial para ser titular, mas que não o era e que expressava essa infelicidade, nas palvras de Richardson foi também recuperada pelos arquivos do «Star Tribune» e o do seu jornalista.