O Doyen Sports Investments é, atualmente, o fundo com maior volume de negócios no futebol europeu. Ao contrário dos seus concorrentes, levanta a ponta do véu e apresenta os seus investimentos, a sua carteira de jogadores. O CEO é um empresário português.

Na reportagem apresentada recentemente, a France 2 descreveu um cenário de obscuridade em torno deste fundo, transmitindo a impossibilidade de contactar qualquer elemento ligado à Doyen. O Maisfutebol não sentiu o mesmo: falámos com o assessor de imprensa do fundo, com os assessores legais e com o responsável luso, Nélio Lucas.

O Doyen Sports é o braço desportivo do Doyen Group, empresa de capitais de risco com interesses na área de petróleo, minérios e gás. Para além disso, tem participações na cadeia de hotéis Rixos, na empresa de construção Sembol da Turquia e na Efir Energy da Polónia, por exemplo.

Quem são os investidores? Conhecem-se nomes como Tevfik Arif, empresário ligado à construção e nascido no Cazaquistão que desenvolveu projetos para Donald Trump, ou Fettah Ramince, o turco que fundou a cadeia Rixos Hotels. O dinheiro vem maioritariamente de Leste, pelo que se percebe.

Com 200 milhões de euros como capital inicial, a Doyen Sports já investiu 80 e garante que as suas operações são claras, com escrituras públicas.

«Os fundos são benéficos e necessários»

A Doyen Sports tem direitos sobre Defour, Mangala, Ola John, Rojo, Labyad, vários jogadores do futebol espanhol e até Radamel Falcao. Recentemente, através da Doyen Global, passou a gerir os direitos de imagem de Neymar. Vai conquistando progressivamente o mercado.

O escritório de advogados Senn Ferrero presta serviços de assessoria legal ao fundo de investimento. Em entrevista ao Maisfutebol, o responsável Javier Ferrero esclarece aspetos relativos à forma de atuação da Doyen Sports, com naturais limitações devido a compromissos de confidencialidade.

«Os fundos de investimento profissionais, aqueles que operam no setor de forma profissional, reclamam regulação e segurança jurídica. A resposta não deve ser: não queremos fundos de investimento. Estes são benéficos e necessários neste cenário de dificuldade de financiamento junto da banca. Mas tudo deve ser feito dentro de um cenário jurídico estável e seguro», admite o advogado espanhol.

Javier Ferrero considera que os fundos de investimento são um precioso auxílio para os clubes: «Os clubes deveriam ter uma realidade económica sã, uma gestão economicamente sustentável. Em minha opinião, neste cenário atual, os fundos de investimento são uma boa alternativa para os clubes, já que permitem partilhar riscos em algumas operações»

«A Doyen Sports entrou no mercado espanhol, como em outros mercados, não apenas colocando patrocínios nas camisolas mas com diversas operações, com investimentos no desporto que devemos como espanhóis agradecer. A Doyen Sports atua com profissionalismo, seriedade e transparência», garante o responsável da firma Senn Ferrero.

Os advogados espanhóis têm auxiliado a Doyen Sports nas operações realizadas não só em Espanha mas também em Portugal. «Temos sido assessores legais da Doyen Sports nas operações realizadas, também no futebol português. Em Portugal realizaram-se diferentes operações, mas o mais importante é que o controlo do jogador, da sua condição, do seu futuro não saiu do controlo dos clubes. O fundo não interfere nesses aspetos.»

Nélio Lucas esclarece a sua história

Espanha é o mercado preferencial, embora a Doyen Sports tenha direitos sobre cinco jogadores que atual no futebol português. Por lá, o fundo tem acrescentado nomes para a carteira de clientes, assinou acordos de patrocínio com os clubes e chegou aos máximos responsáveis do futebol local.

A 20 de setembro, durante um seminário sobre o tema, o presidente da Liga espanhola mostrou-se a favor da entrada dos fundos de investimentos nos clubes. «Sou muito favorável a que exista esta alternativa. É a minha opinião, não da Liga», frisou Javier Tebas.

Nélio Lucas, o CEO da Doyen Sports, já participou num par de seminários em Espanha e espalhou a mensagem: «Não somos donos de nenhum jogador, só fazemos o financiamento. Somos partidários da regulação porque temos o nosso modelo organizado e fazemos tudo de forma clara. Podemos equiparar-nos ao Barclays ou a qualquer outro banco.»

Mas quem é este português? Sem aceitar a realização de uma entrevista, por não ser seu hábito fazê-lo, o empresário manifestou-se disponível para esclarecer ao Maisfutebol algumas questões em torno do seu passado.

«Nasci em Coimbra e fui muito cedo estudar para os Estados Unidos. Lá, comecei a trabalhar para a CAA (Creative Artists Agency), trabalhando com os maiores artistas e atores do mundo. À parte da minha formação em marketing, comunicação e política internacional, na CAA aprendi a organizar eventos de larga escala. Por isso, em Portugal organizei vários eventos, como duas Queimas das Fitas em Coimbra e alguns festivais», explica Nélio Lucas.

Entretanto, o português começa a dedicar-se em exclusivo ao desporto: «Em 2000 entrei no futebol com a Stellar Group (ndr. empresa que teve uma parceria com o Beira Mar), em 2004 comecei a trabalhar com o empresário Pini Zahavi e em 2011 criei a Doyen Sports». Hoje em dia, controla o envolvimento da Doyen no mundo do futebol.


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