O Conselho Fiscal do Olhanense apresentou a 06 de dezembro a renúncia ao mandato, que terminava em abril de 2013, devido a alterações efetuadas em sede de assembleia geral ao parecer relativo ao último exercício, apurou a agência Lusa.
Em causa está uma deliberação dos sócios na última assembleia geral, no dia 05 de novembro, relativa a uma proposta da direção que visava a eliminação de partes do relatório e parecer do Conselho Fiscal sobre o exercício relativo à época 2011/2012.
A mesa da assembleia geral do Olhanense, liderada por Filipe Ramires, aceitou a proposta e submeteu-a à votação dos associados presentes (14, além dos corpos sociais), tendo sido aprovada por maioria, com três votos contra.
«Tal deliberação é nula e de nenhum efeito, pois trata-se de uma violação grosseira das leis aplicáveis e dos estatutos do clube, ferindo as regras básicas de bom senso», assinalou o líder do conselho fiscal, Eduardo Cruz, em declarações à agência Lusa.
Eduardo Cruz acrescentou que «votação do documento só pode ser objeto de aprovação ou reprovação e em nenhuma circunstância pode ser alterado, amputado, reduzido ou acrescentado pela direção ou pela assembleia geral».
O dirigente, que enviou um pedido de anulação do ato para a assembleia geral, mas não obteve resposta até à semana passada, tendo então decidido apresentar a renúncia em conjunto com os outros dois membros do órgão, lamenta que aquele órgão do emblema algarvio «fique ligado a um momento de grave violação da lei e dos estatutos, por ação e omissão, procurando ignorar as eventuais consequências para o clube».
O conteúdo do parecer visado pela proposta da Direção do Olhanense dizia respeito a «críticas e recomendações» do órgão sobre a gestão do clube, que na época passada acumulou 900 mil euros de prejuízo, revelou Eduardo Cruz.
«Nos últimos três anos, são 2,5 milhões de euros de défice acumulado, um número com relevância no momento de crise atual mesmo que o património do clube esteja avaliado em 6 milhões de euros», sublinhou.
Os termos e as expressões usadas pelo assessor jurídico da direção, Carlos Pereira, sobre o conselho fiscal, revisor oficial de contas e técnico oficial de contas na referida assembleia geral também são uma das justificações para a renúncia, de acordo com a carta a que a Lusa teve acesso.
Contactado pela Lusa, o presidente do Olhanense, Isidoro Sousa, preferiu não comentar o tema, por ser uma «matéria delicada» e esperar ainda uma reação do presidente da assembleia geral.
A queda do Conselho Fiscal, cujo mandato terminava em abril de 2013, implicará a realização de novas eleições apenas para este órgão do clube algarvio.