2015 não é ano de Mundial, nem sequer de Jogos Olímpicos, pelo que na escolha de um onze do ano ganham particular relevância as competições europeias e ligas nacionais. E aí há que dizer que este voltou a ser o ano do Barcelona. Mais que um clube, diz o lema do emblema catalão. Mais do que meia equipa do ano, acrescentamos nós.

Luis Enrique parece ter reavivado o espírito de conquista  blaugrana da era Guardiola e este ano só não conseguiu o pleno porque lhe escapou a Supertaça Espanhola diante do Athletic Bilbao.

De resto, os catalães foram arrebatadores. Conquistaram Liga dos Campeões, Liga Espanhola, Taça do Rei, Supertaça Europeia e, antes do ano acabar, em vésperas do Natal, ainda foram ao Japão buscar mais uma pedra preciosa para colocar na sua coroa de reis do futebol no ano que agora finda: o Mundial de Clubes.

Luis Enrique quase repetiu o histórico sextete de Guardiola em 2009. Ainda assim, das seis provas, perdeu a menos importante.

A Juve também merece destaque por ter conquistado pela quarta vez consecutiva o scudetto e chegado com alguma surpresa à final da Liga dos Campeões.

Num rápido olhar para os restantes  Big Five, o Bayern de Pep voltou a dominar na Alemanha, tal como o milionário Paris Saint-Germain em França.

Em Inglaterra, porém, deu-se uma das quebras de rendimento mais estranhas da história recente do futebol mundial: Mourinho voltou a colocar o Chelsea nos píncaros, com a conquista do título inglês, mas no arranque da nova época os londrinos entraram em queda livre e o técnico português acabou o ano despedido.

Nas provas de seleções, destaque para o Chile, anfitrião e pela primeira vez vencedor da quase centenária Copa América.

Os títulos coletivos têm naturalmente um peso significativo numa escolha individual.

Naquele que para nós é o melhor onze da temporada não poderia faltar Cristiano Ronaldo, único representante do Real Madrid, mas há sobretudo uma preponderância do Barcelona de Lionel Messi.

A equipa-ideal é mais de meio Barça – que ocupa seis das onze posições – mas há representantes de mais dois clubes: Juventus e Bayern de Munique – o chileno Arturo Vidal até representou um na primeira metade do ano e outro na segunda.

Por nacionalidades, a distribuição é bem maior: Espanha tem três representantes, mais um do que a Itália. Argentina, Chile, Uruguai, Alemanha, Brasil e Portugal são os outros países representados.
 


GUARDA-REDES
Completou em novembro 20 anos de uma carreira profissional em que o sucesso se mede em mais de 900 jogos e 18 títulos coletivos. O veterano Gianluigi Buffon merece a distinção como dono da baliza da equipa do ano por aos 37 anos continuar a ser um dos esteios da Juventus, campeã italiana e finalista da Liga dos Campeões.

O alemão Manuel Neuer (Bayern de Munique) e o belga Thibaut Courtois (Chelsea), campeões da Bundesliga e da Premier League, respetivamente, também estiveram em destaque num ano em que Iker Casillas esteve também na berlinda, não por ter juntado mais títulos ao seu impressionante palmarés, mas pela troca do Real Madrid pelo FC Porto.
 
DEFESAS
Está Piqué no eixo da defesa, mas podia também estar Mascherano. Está Jordi Alba no flanco esquerdo, mas para o oposto não seria escândalo nenhum eleger Dani Alves. O domínio do Barça em 2015 foi tal que em vez de seis atletas a equipa ideal poderia ter oito ou nove blaugrana. No eixo da defesa, as escolhas recaem no italiano Chiellini, da Juve, e no catalão Piqué, dois líderes numa dupla sólida.

No flanco direito, a opção poderia recair sobre o sérvio Ivanovic, não fosse o péssimo arranque de temporada do Chelsea. Porém, pela polivalência e influência na manobra tática de Guardiola no Bayern não há como deixar de fora Philipp Lahm, que na maioria das partidas até atua no meio-campo defensivo. Já o seu companheiro de equipa Alaba, outro que também atua no meio-campo regularmente, seria uma boa opção para o flanco esquerdo.

MÉDIOS
Para acomodar devidamente os craques e não deixar ninguém de fora, há que sacrificar por vezes o sistema tático. Neste caso, o meio-campo fica entregue a dois jogadores. Uma dupla de respeito, naturalmente.

Pela prestação na sua seleção na conquista da primeira Copa América e na Juve, além da consequente transferência para o Bayern, a troco de 37 milhões de euros, Arturo Vidal merece a distinção. O médio chileno entra para o meio-campo desta equipa-ideal ao lado de Andrés Iniesta, outra referência maior do Barça.

Podiam, ainda assim, constar entre os eleitos Pirlo, ainda e sempre, que aos 36 anos teve em 2014/15 uma época ao mais alto nível para rumar à Major League Soccer, bem como o seu ex-colega de equipa Paul Pogba, francês da Juve que ameaça quebrar recordes a cada janela de transferências. Ou então Rakitic, que se impôs no Barça como substituto de Xavi, ou dignos representantes da nova vaga de talentos no futebol belga como Hazard (Chelsea) ou De Bruyne, outra das transferências do ano (74 milhões do Wolfsburgo para o Manchester City).
 
AVANÇADOS
Num ano em que o Barcelona conquistou cinco dos seis troféus possíveis não há como fugir ao trio MSN. Em conjunto, Lionel Messi, Luis Suárez e Neymar marcaram esta temporada 134 golos dos 176 do Barcelona. A produtividade é impressionante: 76 por cento de todos os golos da equipa catalã têm a assinatura de algum dos craques do tridente ofensivo (Messi fez 47 golos, Suárez 46 e Neymar 41). E se Messi caminha alegremente para a conquista da sua quinta Bola de Ouro, Neymar assume-se também como estrela e não apenas como coadjuvante do astro argentino, que neste onze aparece a jogar atrás do ponta-de-lança Luis Suárez.

O uruguaio é talvez o mais letal finalizador do futebol mundial neste momento e como prova mais recente disso mesmo apontou nada menos do que cinco golos em dois jogos do Mundial de Clubes.

No entanto, apesar de estrelas como Ibrahimovic, Müller ou Lewandowski só caberem no banco, na equipa principal há que arrumar o esquema tático na frente, até porque não há como descartar a presença do Bola de Ouro de 2014 e Bota de Ouro 2014/15 (48 golos na Liga Espanhola).

Mesmo sem vencer um troféu coletivo relevante, tem de haver espaço na equipa dos melhores do mundo para Cristiano Ronaldo, que volta a estar com Messi e desta vez também com Neymar entre os finalistas para o troféu deste ano.