2016 foi no futebol internacional o ano de Portugal, pelo histórico triunfo no Europeu, e do Real Madrid, pela conquista da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes.

Foi, portanto, o ano de Cristiano Ronaldo, sublinhado com a conquista da quarta Bola de Ouro da sua carreira.

O onze internacional do ano do MAISFUTEBOL não é Ronaldo e mais dez, porque também há o eterno rival Messi, que conseguiu a nível interno a dobradinha pelo Barcelona, e até o «vice» Griezmann que se intromete na luta entre dois monstros do futebol mundial.

Começamos então a equipa ideal lá pela frente, mas a partir daí há que ter em conta as contingências de arrumar uma série de estrelas e ter em conta a qualidade e o peso de cada jogador na sua equipa, bem como os troféus coletivos na hora de decidir.

O esquema é portanto um alternativo 3-4-1-2, com um trio de ilustres centrais – Ramos-Pepe e Bonucci –à frente de Oblak.

À frente destes, Bale recua até ao meio-campo, onde pontificam o colega de equipa Modric, além de Vidal – pelos êxitos no Bayern e sobretudo na seleção do Chile – e, meia surpresa, Riyad Mahrez, a assinalar o incrível feito do Leicester na Premier League.

Uma equipa claramente dominada pelo Real Madrid, representado por cinco jogadores, e sobretudo made in La Liga, num total de oito jogadores, com dois internacionais portugueses a sublinharem a inesquecível conquista do Europeu em solo francês.

GUARDA-REDES

Não brilhou no Campeonato da Europa, onde aliás a modesta Eslovénia não marcou presença, nem conquistou grandes títulos coletivos pelo Atlético de Madrid em 2015/16, ainda assim Jan Oblak foi talvez o guarda-redes em melhor forma este ano no futebol europeu. As qualidades são conhecidas desde os tempos em que começou a destacar-se em Portugal – nas cedências ao União de Leiria (2011/12) e no Rio Ave (2012/13) até se afirmar no Benfica, em 2013/14: bons reflexos entre os postes, segurança fora deles, tanto nos cruzamentos como no jogo com os pés. Tudo características essenciais num guarda-redes completo, de quem os adeptos colchoneros vão sentir a falta na sequência da recente lesão no ombro esquerdo que obrigará a uma paragem entre três e quatro meses.

A equipa de Diego Simeone assenta o seu jogo na solidez defensiva e tem no esloveno um dos seus seguros de vida. Prova disso é o reduzido número de golos sofridos: 31 golos em 57 jogos disputados em 2015/16 entre Liga dos Campeões, Liga Espanhola e Taça do Rei. Na Liga, o Atleti encaixou apenas 18 golos e foi de longe a melhor defesa em Espanha e a segunda melhor dos Big Five, com mais um golo sofrido do que o Bayern de Munique; além disso, é a melhor defesa da atual edição da Liga dos Campeões, com apenas dois golos sofridos. Os números atestam a competência, mas são as exibições constantes de elevado nível que elevam Oblak à condição de «titular» na baliza da equipa do ano.

Entre a concorrência de peso está, desde logo, Rui Patrício, fundamental para a conquista do Euro por Portugal; mas também candidatos habituais, como Manuel Neuer ou, pois claro, o veterano Gianluigi Buffon, que caminha para os mil jogos oficiais e voltou a juntar um scudetto ao seu palmarés, tendo ainda recebido este ano o galardão Golden Foot.

DEFESAS

Os jogadores fazem o esquema e no onze ideal a qualidade individual obriga a que o setor recuado seja composto por três centrais.

Sergio Ramos, herói dos golos decisivos, tanto na Liga dos Campeões como no recente clássico em Camp Nou com o Barcelona, entra no trio juntamente com o companheiro de equipa Pepe. O internacional português é um dos indiscutíveis, pela preponderância que teve na conquista do título europeu por Portugal, mas também por, aos 33 anos, continuar a ser referência no eixo defensivo dos merengues.

Ao duo de madridistas junta-se Leonardo Bonucci, um central dominador no jogo aéreo e forte na marcação, que além de ter sido totalista nos cinco jogos que Itália fez no Euro foi decisivo na conquista na revalidação do título italiano pela Juventus, que à boa maneira transalpina faz da consistência defensiva a base do seu sucesso.

No entanto, no eixo da defesa haveria sempre outras opções de qualidade: de Piqué, patrão no setor recuado Barcelona e da seleção espanhola, a Mats Hummels, que protagonizou uma das transferências do defeso ao trocar o Borussia Dortmund pelo rival Bayern de Munique por 35 milhões de euros.

MÉDIOS

Um quarteto de respeito ocupa o meio-campo ideal de 2016. Na zona central, um estratega, Luka Modric, e um box-to-box, Arturo Vidal.

A qualidade de passe e visão de jogo do croata são superiores e este ano ele merece a vaga não só pelas conquistas internacionais do Real Madrid, mas também pelas excelentes exibições no Euro.

Argumentos que valem também para Gareth Bale, que nesta equipa levou o País de Gales até às meias-finais do Euro e, como habitualmente, foi determinante com golos e assistências no Real Madrid.

Já Vidal, além de dar músculo no meio-campo, foi preponderante na revalidação do título do Chile na Copa América, tendo sido também um dos motores do Bayern de Guardiola que venceu o tetra na Bundesliga.

O quarteto completa-se com Riyad Mahrez. O argelino foi, a par de Jamie Vardy, a grande figura do fairy tale da conquista do título inglês pelo Leicester. O talentoso Mahrez preenche não apenas a quota dos underdogs mas também a da Premier League até do futebol africano, que vai estar em destaque no início de 2016 com a disputa da CAN.

Faltam, claro está, neste meio-campo prodígios como Iniesta, apesar da qualidade individual quase inigualável e do título espanhol pelo Barcelona, ou até como os alemães Mesut Özil e Toni Kroos ou os belgas Eden Hazard e Kevin de Bruyne. De fora fica também Paul Pogba, apesar da boa temporada na Juventus que lhe valeu a transferência recorde no futebol mundial, por mais de 100 milhões de euros para o Manchester United.

AVANÇADOS

Se há jogador não só na Liga Espanhola como no futebol mundial a intrometer-se no duelo de estrelas entre Real Madrid e Barcelona ele é Antoine Griezmann. O avançado francês de ascendência lusa fez a melhor época da sua carreira em 2015/16, tendo marcado perto de 40 golos entre clube e seleção, mas ficou-se pelo quase em termos de títulos: o Atlético de Madrid perdeu a final da Liga dos Campeões nas grandes penalidades e a seleção francesa perdeu a final do Euro no prolongamento. A sua besta negra acabou mesmo por ser Cristiano Ronaldo, mas já lá vamos ao ano perfeito de CR7.

Para já, assinalar que aos 25 anos, este avançado inteligente e tecnicista é o «menino bonito» do futebol francês e a grande figura do Atlético. A tal ponto que afasta deste onze as estrelas blaugrana Neymar e Luis Suárez (que foi Pichichi na Liga Espanhola e Bota de Ouro). Aliás, Griezmann chegou ao lugar mais baixo do pódio na Bola de Ouro da France Football e está entre os finalistas do Prémio FIFA para melhor jogador do ano.

Acima dele, apenas os dois «monstros» do futebol mundial. A corrida entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo é para a eternidade. Uma história impressionante feita de golos, recordes e títulos.

Em 2016, o argentino liderou o Barcelona até à conquista da dobradinha em Espanha, fez 51 golos pelo Barça, mas falhou a revalidação do título na Liga dos Campeões e também na conquista da Copa América, perdendo a final naquele que seria o seu primeiro troféu pela seleção argentina – o que até motivou um abandono temporário à seleção.

É também por essa comparação que este foi o ano de Cristiano Ronaldo. O astro português acaba de selar um 2016 de sonho com a conquista do Mundial de clubes, com um hat-trick na final, depois de ter ajudado o Real Madrid a vencer a undecima na Champions.

Apesar dos triunfos pelos merengues, a coroa de glória de Cristiano veio com o Euro 2016, em França, quando com um inestimável contributo tanto dentro como fora de campo comandou a Seleção Nacional até ao primeiro título da história.

À conquista da quarta Bola de Ouro deverá seguir-se o Prémio FIFA para Melhor Jogador de 2016. O reconhecimento merecido para um ano em cheio.