Como a maior parte dos portugueses, não vejo grande futuro à relação de Scolari com o Chelsea. Cheira-me a paixão de Verão. Mas nem é por isso que me recuso a apostar o que quer que seja naquela relação. Até podia ser, mas não é.

A verdade é que existem dados concretos que me permitem duvidar com segurança do futuro do brasileiro em Londres. Antes de mais, e como a maior parte dos portugueses, sinto que Scolari é um treinador para competições curtas e intensas.

Depois adivinho-lhe em Inglaterra dificuldades de comunicação, naquele que era o maior mérito de Scolari. Bem sei que está a esforçar-se, mas imagino difícil passar uma mensagem a quem não percebe a letra das músicas de Roberto Leal.

Por fim, e acima de tudo, há um dado histórico: Scolari nunca teve sucesso em países não católicos. À excepção de uma Taça do Golfo, no Kuwait em 90, o brasileiro conta com passagens vazias de títulos por Arábia Saudita, Japão e outra vez Kuwait. Até Henrique Calisto fazia melhor.

Visto de fora, a relação é óbvia: a Nossa Senhora do Caravaggio acusa a adversidade de ambientes não católicos apostólicos romanos. E sabe-se como a Senhora do Caravaggio é importante. Mais do que isso, sabe-se como é fundamental.

Basta, aliás, ver como as equipas de Scolari ganham no limite do sofrimento. Não nos iludamos, não se trata apenas de sofrimento. É penitência e faz parte da fé. Um segundo lugar no Euro e um quarto lugar no Mundial depois, pouco importa. Haja fé.

Ora por falar em fé, desde que se soube que Scolari ia para Inglaterra, a Selecção Nacional teve duas derrotas. Pode parecer um acaso, mas ninguém me tira da cabeça que a santa vivia na ignorância e quando soube torceu o nariz.

Por isso não lhe adivinho grande sucesso. Num país anglicano, fazer o quê? Trabalhar tacticamente a equipa? Preparar estratégias de jogo? Definir temporizações e transições rápidas? Observar adversários? Se nem uma oração pode rezar no balneário.

«Box-to-box» é um espaço de opinião da autoria de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreverá aqui todas as quintas-feiras