O quinto aniversário de Luís Filipe Vieira na presidência do Benfica foi celebrado com uma reportagem na SIC. Uma reportagem que procurava ser intimista, sem expor naturalmente a vida familiar, e que acompanhou o dirigente ao longo do dia.

Não sei se o leitor viu. Eu vi. E não gostei. A informação mais relevante que retirei da reportagem é que Vieira não cozinha. Mas faz chá.

A ideia era boa, mostrar a face menos conhecida do presidente do Benfica, apresentá-lo nos locais que não são públicos e por isso conhecidos. Portanto a ideia era boa. O resultado foi desastroso. Simplesmente porque Vieira não quis mostrar-se.

Vieira nunca quer mostrar-se. Provavelmente porque não vale a pena. Por isso, e durante quinze minutos, assistimos apenas a propaganda pessoal. Para além da habitual dificuldade com a língua portuguesa, colhemos apenas uma ou outra promessa.

Prometeu por exemplo que o Estádio da Luz estará pago em três anos. O que é curioso. A última vez que o ouvi falar em «três anos» foi para dizer que o Benfica seria o maior clube do Mundo precisamente em «três anos». Foi há cinco e assim de repente não se nota grande coisa.

Ouvimos, de resto, o presidente do Benfica dizer só lê as gordas porque 90 por cento do que os jornais escrevem sobre o Benfica é mentira. E ouvimo-lo dizer também que quando chegou ao Benfica o clube estava em coma. Mas ele salvou-o.

Não ouvimos dizer nada, portanto, que ele não tivesse dito antes. A não ser, lá está, que não cozinha. Mas faz chá. O que, parecendo que não, pode dar muito jeito. O Benfica já saiu de coma, mas corre sempre o risco de apanhar um resfriado.

«Box-to-box» é um espaço de opinião da autoria de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreve aqui todas as segundas e quintas-feiras