Ponto por Ponto é um espaço de Opinião quinzenal do jornalista Vítor Hugo Alvarenga. Baseando-se no sistema de classificação utilizado pelo Maisfutebol, destaca positiva ou negativamente figuras do panorama desportivo:

POSITIVO:

5 pontos: Treinadores portugueses

O treinador português é o melhor do mundo. Não menciono um técnico em particular, antes a classe que vem reforçando a sua influência no continente europeu e um pouco por tudo o planeta. Fernando Santos vai acumulando prémios (Panenka, AIEP) enquanto chegam as novas fases das provas europeias, onde temos sete representantes: Leonardo Jardim - líder na Ligue 1 de França -, Nuno Espírito Santo, Rui Vitória (Liga dos Campeões), José Mourinho, Paulo Bento, Paulo Sousa e Paulo Fonseca (Liga Europa). Paulo Duarte levou o Burkina Faso ao bronze no CAN. Marco Silva (Hull City) e Sérgio Conceição (Nantes) acumulam resultados interessantes em campeonatos de topo. Ainda restam dúvidas sobre esta incomparável escola, nem sempre devidamente valorizada? Quem se pode gabar de um cenário como este?

Já agora, preencha este Quiz sobre o tema.

4 pontos: Salgueiros

O Sport Comércio e Salgueiros continua a crescer. Foi ao fundo e volta a erguer-se, de forma sustentada. Depois de um terceiro lugar na época passada, deu mais um passo com o apuramento para a fase de subida do Campeonato de Portugal, que se inicia neste fim-de-semana. Aplauso para um histórico que procura recuperar a pose, mantendo uma base fiel de adeptos e a sua identidade. Lamentavelmente, o velhinho Vidal Pinheiro ficou ao abandono e o Salgueiros vai andando com a casa às costas, seguindo de quinze em quinze dias para a Maia. Ainda assim, nada trava este novo Salgueiral, que se vai preparando para o ataque à II Liga. Douglas Abner, cedido pelo Boavista, é reforço mais sonante.

3 pontos: Welthon

Reencontrei o entusiasmante avançado do Paços na última jornada. Chegou esta época e destacou-se rapidamente, com os seus ares de Hulk. Descontando as naturais diferenças, Welthon é um valor cada vez mais seguro e amadurecido. Jogando ao centro, denotou mais inteligência nas movimentações, maior frieza de costas para a baliza, sem perder aquela incomparável capacidade de explosão, misto de força e velocidade. Está a ser acompanhado de perto por clubes de outro patamar e espero que fique em Portugal, porque a Liga precisa de talentos como este, incontestados. Há muita qualidade para explorar em equipas 'menores', embora fiquem confinados a pequenos resumos televisivos: Fransérgio, Mikel Agu, Cláudio Ramos, Raphinha, Marcelo... Nomes não faltam.

NEGATIVO

2 pontos: Jorge Simão

O discurso forte de Jorge Simão, que causou enorme impacto na chegada a Braga, pode dividir opiniões. É uma postura de risco, claramente, mas não justifica a nota negativa por esse aspeto particular. O que incomoda neste Sp. Braga atual é a proposta. Se José Peseiro podia ser acusado de descontrolo na gestão de jogo, com foco ofensivo, Jorge Simão representa o contrário. Há grandes equipas a alcançar o sucesso com mentalidade defensiva, claro. Mas ver este Sp. Braga a jogar em contra-ataque com Moreirense ou Rio Ave incomoda. Sobretudo quando nem isso evita a derrota, porque aí o desaire é multiplicado por dois: vão-se os pontos e o espetáculo. Os adeptos já demonstraram a sua revolta, embora devam ter em conta que este plantel é menos interessante que os anteriores.

1 ponto: o caso Rúben Amorim

A história já nem ocupa páginas de jornal mas continua por explicar. Para o leitor menos atento, eis o resumo: Rúben Amorim tem contrato com o Benfica, esteve cedido ao Al-Wakrah do Kuwait na época passada, não joga desde abril de 2016. Voltou para treinar à parte, celebrou em janeiro o seu 32º aniversário e permanece num impasse. Haverá responsabilidades por apurar neste caso mas fica a tristeza pelo cenário atual, que em nada dignifica o jogador ou o clube, tratando-se de um homem que sempre demonstrou amor à camisola e tremendo benfiquismo. É Rúben que rejeita as possibilidades que vão surgindo? Não sei. Sei apenas que este quadro é péssimo para todas as partes. Sobretudo quando se encontra como solução o silêncio e o progressivo esquecimento. O futebol deve ter memória.

Ponto Final: Eugénio Queirós

Reservo este novo espaço fora da escala para o bom jornalismo. Desta vez, escrevo sobre Eugénio Queirós, nome forte que saiu recentemente do Record. Figura conhecida e respeitada na praça, embora nunca tenha enveredado pelo 'porrerismo', o Eugénio soube adaptar-se progressivamente a novas realidades. O melhor exemplo será a EQ TV, as imagens amadoras que ia recolhendo pelos estádios desse país e que foram utilizadas com regularidade por outros meios. Não é meu amigo nem lhe faço um grande favor em constatar o óbvio: o jornalismo fica mais pobre. Não acredito que o Eugénio Queirós fique parado por muito tempo. Aliás, faz questão de mostrar desde já serviço com um espaço próprio, que valerá seguramente a pena acompanhar.