Ponto por Ponto é um espaço de Opinião quinzenal do jornalista Vítor Hugo Alvarenga. Baseando-se no sistema de classificação utilizado pelo Maisfutebol, destaca positiva ou negativamente figuras do panorama desportivo:

POSITIVO:

5 pontos: Marítimo

A triste realidade do futebol português, com responsabilidades partilhadas por todos, jornalistas incluídos: enquanto se discutem frames, números, polémicas, arbitragens, vai passando ao lado o que acontece fora da esfera dos grandes. Veja-se o Marítimo: remodelou antes de mais o seu estádio, tornando-o um dos mais bonitos do futebol luso. Perdeu-se aquela vista incomparável mas surgiu um recinto atraente, ao estilo britânico. Tem a sexta melhor média da prova (7.421 espectadores) e, por já, já venceu Benfica e empatou com Sporting. Falta o FC Porto.. Pelo meio, Daniel Ramos vai fazendo um excelente trabalho: a última derrota na Liga foi ainda em 2016, no Dragão. Seguiram-se cinco vitórias e cinco empates, 20 pontos consecutivos, mordendo os calcanhares ao V. Guimarães. Tudo com uma equipa coesa, sem grandes estrelas, destacando-se Fransérgio (já garantido pelo Sp. Braga) entre os demais. Aplauso de pé para o Marítimo.

4 pontos: FC Porto

É certo que o FC Porto «ainda não está onde quer estar», como diz Nuno Espírito Santo, de forma repetitiva e maçadora, a cada ocasião. Esse facto impede a nota máxima. Porém, está na melhor série de vitórias da Liga, garantiu a maior goleada (7-0) da prova frente ao Nacional e juntou mais um argumento de peso na sua luta: para além da melhor defesa, passou a ter o melhor ataque. Tiquinho Soares foi um reforço acertadíssimo, contra algumas críticas, André André está a crescer, Brahimi atravessa o período de maior fulgor. A defesa recupera a tradição do FC Porto, de antes quebrar que torcer. Aproxima-se o Clássico na Luz. Se nada mudar entretanto, será uma batalha épica.

3 pontos: Belenenses

De elogio coletivo em elogio coletivo chegamos ao Belenenses. Seria injusto louvar séries de bons resultados sem mencionar o crescimento da formação do Restelo, sob o comando técnico de Quim Machado. É certo que o triunfo frente ao Desp. Chaves chegou com alguma felicidade (2-1, nos descontos), mas junta-se a um ciclo de seis jogos sempre a somar: três vitórias, três empates. Nota para Maurides, irmão de Maicon que marcou três golos em dois jogos neste regresso a Portugal, e para Florent Hanin, bom lateral esquerdo francês com desempenho a merecer análise detalhada.

NEGATIVO

2 pontos: Benfica

A formação encarnada caiu com estrondo em Dortmund. Contra factos não há grandes argumentos nem alinho com especial agrado na análise cuidada, por vezes patriótica, o discurso do coitadinho contra os gigantes da Europa. Não somos assim tão inferiores nem devemos pensar como tal. O Benfica não merecia ser goleado em Dortmund? Da mesma forma que o Borussia não merecia perder da Luz. Tudo espremido, é isto. Nem mais, nem menos. Para nota de rodapé ficou uma rábula caricata, estranha num clube bem organizado, com câmaras de televisão a apanharem Jonas e Júlio César dentro de uma viatura particular, devido a problemas nas costas. Pouco antes, Jonas tinha dito que estava a cem por cento. Minutos depois, o Benfica comunica que os dois seguiram viagem no autocarro, com a equipa. O que mudou entretanto? Não se sabe. Mas toda a cena foi estranha, mal explicada, pouco dignificante

1 ponto: Filipe Gouveia

O que aconteceu no passado fim-de-semana em Famalicão, após o duelo entre a formação local e o Sp. Covilhã, para a II Liga (2-2), foi feio. Muito feio. O episódio foi amplamente divulgado e não caio no erro de colocar toda a responsabilidade sobre os ombros do treinador. Filipe Gouveia terá sentido um ambiente hostil, veio de um empate polémico, com expulsão e penálti nos minutos finais. Contudo, foi ele que passou os limites. Quando chama os jornalistas de «mal-educados», ainda estaria a brincar. Quando apelida um de «burro», está a entrar num patamar de falta de respeito. Ainda vais mais longe e ameaça: «fixa bem a minha cara». É triste de ver, como é triste ler comentários a atirar culpas para os jornalistas. Ao que isto chegou.

Ponto Final: RTP

Para celebrar o seu 60º aniversário, a Radiotelevisão Portuguesa decidiu partilhar milhares de conteúdos que se encontravam arrumados nos poeirentos arquivos. São pedaços de história para recordar com carinho, muitos para ver pela primeira vez, numa iniciativa que se insere no verdadeiro conceito de serviço público. Não aprecio a crítica constante à RTP, sobretudo na área do desporto. Tem, por exemplo, dos melhores programas de análise futebolística, sem alimentar polémicas. Discutindo o jogo pelo jogo. O futebol agradece.