Era a terceira pergunta para Ruben Amorim sobre a ineficiência do ataque do Sporting na eliminatória com a Juventus e, consequentemente, a falta de mais um atacante no plantel. Era o prato cheio para os esfomeados de plantão atacarem a insistência (?) dos «encartilhados, polêmicos e vendidos» jornalistas que pisam em Alvalade. A tal «escória» que precisa ser combatida no futebol português.

Microfone nas mãos da CMTV. Os tambores rufaram. Mesmo diante de um assunto já bastante debatido e que claramente causa incômodo entre os principais intervenientes, o repórter Duarte Antunes construiu então a melhor e mais bem formulada questão da (necessária) conferência. Estava nitidamente atento ao efusivo discurso do treinador leonino.

Duarte salvou uma entrevista que, novamente, poderia ter naufragado no famoso mais do mesmo na abordagem ao tema espinhoso da conturbada temporada. Não à toa, usou na perfeição a expressão «salvou», dita anteriormente pelo próprio Amorim, ao recordar os gols decisivos de Coates na campanha do título nacional em 2020/21.

«Não lhe faz sentido o Sporting precisar de um avançado para não precisar ser salvo [por um central]?», perguntou, entre outras palavras.

Um questionamento mais do que pertinente. Correto. Cirúrgico. Daí em diante, o sempre muito bem preparado e frontal Ruben Amorim perdeu o fio da meada. Foi das raras vezes em que não teve uma (boa e coerente) resposta na ponta da língua. Por isso, precisou ir ao passado para, quem diria, trazer à baila Liedson, Derlei e Slimani. Uma comparação sem sentido. Um erro crasso.

Cada vez mais desprestigiada, perseguida e desrespeitada por boa parte dos clubes portugueses, a Comunicação Social - olha, há salvação para ela! - fez o seu papel. Esperou, trabalhou, insistiu e perguntou, sem qualquer parcialidade ou desonestidade, o que, verdade seja dita, qualquer sportinguista queria ter perguntado. E não é de hoje.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil