«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

O último Clássico da temporada deixou bem claro que uma das maiores diferenças entre o FC Porto e os dois rivais, que ainda estão na luta pelo título, é a qualidade da dupla de centrais. A vitória do Sporting no Dragão expôs as limitações de Chidozie e Bruno Martins Indi, mas acima de tudo evidenciou erros flagrantes no planeamento azul e branco.

Mesmo no início da época, quando se olhava quase unanimemente para o plantel do FC Porto como o melhor da Liga, ficava a ideia de que o centro da defesa não estava ao nível da restante equipa, tendo em conta o rendimento apenas satisfatório de Maicon, Marcano e Martins Indi na temporada anterior.

A SAD estudou a possibilidade de reforçar o setor, de resto, mas acabou por não contratar ninguém. Nem no mercado de inverno. Contratou Suk, Marega e até José Sá, mas não um central. Para acentuar ainda mais o problema, o «caso Maicon» surge seis dias após o fecho do mercado de transferências.

Aparentemente inevitável, a saída do brasileiro não representa o grande erro que o FC Porto cometeu nesta matéria. Esse já estava assumido, depois de duas janelas de transferências em que não foi verdadeiramente compreendida a necessidade de trazer uma nova opção para o centro da defesa.

A saída de Maicon reforçou as limitações, tal como os problemas físicos de Marcano, que deixaram José Peseiro limitado a Bruno Martins Indi e Chidozie, lançado às feras num contexto difícil e numa posição que, até há bem pouco tempo, não era a sua. No primeiro golo marcado pelo Sporting no Dragão, por exemplo, o jovem nigeriano pensou como médio e não como central, ao focar-se em Adrien e não em Slimani quando João Mário procurava alguém na área.

O Sporting que, no início da época, soube corrigir um «erro de casting» chamado Ciani e que mais tarde, apesar de ter entrado em janeiro na liderança da Liga, entendeu que era preciso reforçar o eixo defensivo, contratando Sebástian Coates e recuperando Rúben Semedo, a dupla com que encara a decisão do título, contornando assim os problemas físicos de Ewerton, Naldo, Paulo Oliveira ou mesmo Tobias Figueiredo.

O Benfica teve de suportar a ausência prolongada do capitão Luisão e também alguns problemas físicos de Lisandro, mas a regularidade impressionante de Jardel e o surpreendente nível exibicional de Lindelöf confirmam que a planificação encarnada foi mesmo a mais certeira, no que aos centrais diz respeito, até por estarmos a falar das quatro opções escolhidas no início da época.