«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

Escrevo antes do FC Porto-Besiktas e exposto ao desfecho do jogo. Um risco, pois então. Vamos a isso.

Há treinadores marcantes. Pela personalidade, pelas vitórias assombrosas, pela capacidade de comunicar, dizer o que pensa e pensar o que diz.

Penso em Wenger, nas duas décadas de Arsenal, na recente seca de vitórias e na ingratidão do povo ‘gooner’. O mesmo povo que, antes de Wenger chegar e acabar sempre entre os quatro primeiros da Premier League, celebrava nos pubs de Highbury os lugares no meio da tabela.

Qualquer desculpa é boa para encher uma pint e brindar com os amigos.

Penso também em Ferguson. Do Manchester United tremelicante do final dos anos 80, do crescimento às mãos do boss, da conquista europeia. Disciplina, ardor, chuteiras nas caras dos jogadores, ralhetes condescendentes e paternalistas.

Dois exemplos de homens que chegaram e criaram o seu próprio potentado em clubes especiais. À custa de, lá está, muito mais do que o mero conhecimento desportivo.

Ser treinador não é só vestir o fato de treino, escolher 11 jogadores e uma tática. Há tanto por trás dos 90 minutos a que o público tem acesso.

Agora, Sérgio Conceição. Em pouco mais de dois meses, o treinador equilibrou um clube deprimido de resultados e asfixiado financeiramente; aproveitou os constrangimentos dos cofres para capitalizar nomes que se julgavam perdidos, deu alma a homens anteriormente sem sangue, injetou competitividade e um código de conduta apertado ao seu plantel.

No futebol moderno é arriscado, quiçá demasiado, arriscar vaticínios. Eu deixo aqui o meu: o FC Porto iniciou em julho o potentado de Conceição; não chegará à longevidade de Wenger/Ferguson, mas o mandato está para durar. E cheio de saúde.

 «CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».