Apuramento para a fase final do Euro 2016 confirmado como primeiro do grupo, em resultado da tangencial vitória frente à Dinamarca. Nona presença seguida em fases finais de grandes eventos futebolísticos, desde o Europeu de 2000 (Holanda/Bélgica). Sétima vitória consecutiva no derradeiro desafio da fase de apuramento, na Sérvia, com presença garantida no pote 1 no sorteio dos grupos. Quatro jogadores lesionados – Rui Patrício, Bruno Alves, José Fonte e Nélson Semedo, este com gravidade surpreendente, uma vez que vai ter de ser operado.

É este o balanço da dupla ronda final protagonizada pela Seleção Nacional rumo a França, no ano que vem, com o desfecho que se adivinhava... apesar de o início de campanha ter sido de tal forma desastroso, que ditou o fim do consulado de Paulo Bento.

Começo por aí, pela troca de treinadores. Paulo Bento regressou do Mundial do Brasil com mais dois anos de contrato, mas fragilizado pelo que lá se passou, e estava mesmo a ver-se que à primeira podia cair o Carmo e a Trindade. Foi mesmo à primeira, frente à Albânia (que, curiosamente ou não, também se apurou para França…), num jogo em que Portugal não pôde contar com aquele que normalmente faz a diferença, o capitão – ainda bem que a Seleção venceu na Sérvia sem ele, pois ficou provado, embora sem grande espectáculo, que por vezes também se ganha sem os melhores.

Caiu o treinador e muitos temeram o pior - assumo que depois desse desaire fiquei apreensivo, pois novo desaire podia deitar a perder um apuramento que se adivinhava pouco complicado. Veio Fernando Santos, voltaram todos aqueles que se tinham incompatibilizado com Bento, também alguns que haviam batido com a porta e Portugal começou a ganhar. Com um futebol triste e cinzento, mas resultadista. E por muito que eu quisesse mais chama, mais alegria, mais tudo, a verdade é que o engenheiro do penta fica na história como aquele que mais jogos oficiais venceu de seguida: sete. Vá lá perceber-se isto…

E poderá ser campeão europeu com um futebol triste e cinzento, aqui e ali polvilhado pela capacidade super de Ronaldo, a liderança de João Moutinho, a segurança de William Carvalho ou a classe de Ricardo Carvalho e seus pares? Fernando Santos acha que sim. E ainda bem, porque já se percebeu que a sua fé move montanhas. A mim parece-me difícil, quando olho para outras seleções que vão estar na fase final. E gostava que a equipa principal de Portugal jogasse como a equipa de sub-21. Mas depois deste apuramento até sou capaz de acreditar que bem pode acontecer uma daquelas surpresas que só vemos uma vez na vida.

Ficam para o fim as declarações de Cristiano Ronaldo. Quem sou eu para discutir as suas opiniões sobre Fernando Santos e aquilo que viu melhorar no grupo a vários níveis, mas as indiretas que deixou a Paulo Bento foram parecidas com as que dirigiu a Carlos Queirós quando este saiu do cargo. Eu sei que neste mundo do futebol as divergências só se assumem a posteriori mas, pelo que se viu, quando um dia sair Santos, se ainda se mantiver este capitão, vamos ter sermão e missa cantada.

PS1: Tenho ouvido, até a amigos meus, os mais díspares comentários sobre a posição que Luís Filipe Vieira devia ter assumido em resposta aos ataques de Bruno de Carvalho. Faço parte do grupo que tira o chapéu ao líder encarnado pela bonança defendida. Só espero que não borre a pintura na presunção de estar à espera que o seu clube saia por cima no dérbi.

PS2: Carrillo, que até ver está suspenso pelo Sporting, lesionou-se no Peru-Chile. Sinceramente, não me passa pela cabeça que o futebolista não recupere da lesão sob a égide do seu ainda patrão, seja lá onde for. Aliás, quando se diz que os leões podem tornar-se mais flexíveis relativamente ao peruano, têm aqui uma boa oportunidade de mostrar grandeza.