Sistematicamente perturbados pela cobardia de gente que se diz defensora de ideais de liberdade, - sejam os que colocam as bombas e roubam à vida cidadãos indefesos ou os que fabricam armamento e explosivos defendendo que a sua proliferação tem por objetivo estarmos mais seguros - mesmo assim, porque o futebol é mais do que um jogo e nos garante que a Amizade existe, há momentos que se tornam inesquecíveis. Quase se fundem, como as lágrimas de tristeza pela barbárie de Bruxelas misturadas com lágrimas de alegria pelo regresso, para já tímido, de Quinito, o grande, o inesquecível Quinas.

O terrorismo já tentou dar uma dentada gigantesca naqueles que sustentam, pela sua entrega, o espetáculo mais mediático na Europa e América do Sul, com o ensaio falhado no Estádio de França, às portas do Euro-2016. Mas serão essas tentativas suficientes para contribuir, por razões óbvias, para um eventual adiamento da competição? Acredito que teremos Europeu, mas lamento que não se realize terça-feira o acordado Bélgica-Portugal, em Bruxelas. Percebo o estado em que se encontram os belgas mas, do mal o menos, respeitando a decisão: o jogo vai ter lugar em Leiria e isso é bom, pois defrontam-se duas das melhores seleções da atualidade.

No meio da perturbação, medo, preocupação, desgosto causados por mais uma cobardia de jovens a quem «lavaram o cérebro» com ideias maléficas, no meio dos escombros reaparece, para alegria de muitos, a figura incontornável, carismática, carinhosa de um homem que se remeteu à sua dor: Quinito. O grande, o eterno Quinas, levado pelo apelo dos seus pares, voltou, na sua querida Setúbal.

Para já, triste com a vida, porque lhe roubou o seu querido filho. Mas disposto a tentar vencer essa saudade, esse vazio e todas as frustrações que, afinal, o futebol lhe deu, porque, em boa verdade, vencidas essas barreiras, o espaço que foi seu continua seu. É que, aos 67 anos, Quinito, tenho a certeza, está cansado pelo desgosto mas mantém-se jovem e com muito para nos ensinar.

Conheço Quinito desde garoto, garoto mesmo, quando ainda jogador da Académica, com meu Pai, acompanhei, se assim se pode dizer, um estágio da Briosa na Figueira da Foz. Nunca lhe perdi o rasto. E quando entrei nesta vida e lhe disse quem era aconteceu o abraço emocionado de quem se gosta - mas culpo-me por nunca mais o ter procurado depois daquele contacto telefónico desde a Turquia, proporcionado por outro irmão, José Couceiro.

Depois do fantástico trabalho, mais um, do Jaime Cravo na SportTV, os muitos amigos que Quinito tem espalhados por este mundo conseguiram que ele abrisse, outra vez, o coração. Sintoma de que, com alegria o escrevo, pode estar para breve o seu regresso. Por mim, feliz por tê-lo revisto e ciente de que em breve estarei com ele, deixo-lhe um recado: «Volta, Quinito… assim que puderes!»

PS1– Jonas está de volta à seleção do Brasil e já se sabe que não entra nas primeiras contas do selecionador. Mas Dunga foi obrigado, passe a expressão, a engolir um sapo gigante. Jonas até pode nem jogar um minuto pelo «escrete» nestes dois jogos, pode regressar a Portugal apenas cansado das viagens, mas não convocar um dos melhores marcadores da atualidade na Europa era um crime de lesa futebol.

PS2– Regressou em grande o Mundial de Fórmula 1. Sim, voltou a ganhar a Mercedes, não pelo campeão Hamilton mas por Rosberg, seu parceiro candidato, numa jornada em que deu para perceber que a Ferrari pode sonhar - mas só Vettel. Duas notas, ainda: Fernando Alonso escapou de boa, mas a segurança naqueles «bichos» é quase total; grande trabalho do Eurosport, reforçado por alguém que fala tão bem como conduz – António Félix da Costa -, porque os outros já eram craques.