Ponto prévio:

Samaris agrediu, e deve ser castigado. Ponto.

A situação é idêntica à de outros que o fizeram no passado, deste e de outros emblemas, e provavelmente a ainda mais alguns que o continuarão a fazer no futuro. Deste, e de outros emblemas.

A agressão encerra-se em si própria, deve ser isolada do demais, e não deve ser objeto de qualquer tipo de propaganda, de um lado ou de outro. Uma propaganda que também deve ser condenável, nem que o seja apenas moralmente.

É intolerável que situações como esta e que, repito, já tiveram outros atores, ocorram em qualquer desporto. O controlo emocional não é fácil, sobretudo quando sobe o nível de pressão, mas a conjuntura não justifica o que aconteceu.  

Paralelamente, a aplicação da justiça deve ser comum e igualmente célere para todos aqueles que ultrapassam o risco. Deverá sê-lo da primeira à última jornada da Liga. Reforço o célere, e volto a apontar para o exemplo de Inglaterra. Implacável, e veloz a decidir. Seja com quem for.

O resto, toda a poeira que mais uma vez se levantou, é propaganda. Dificilmente assentará até final do campeonato. No futebol português só se respira com máscara, e já é assim há muito tempo.

É tudo o que tenho a dizer sobre o assunto.

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Se quiserem enumerar todos os casos anteriores de agressão de uns e de outros, usem à vontade... Já sabem, a caixa de comentários!

Não faço tenções de perder o meu tempo a lê-los ou a discuti-los.

Feito este ponto prévio, interessa-me olhar para uma Liga que carece de um candidato forte a seis jornadas do fim.

O Benfica, líder, tocou outra vez num dos pontos mais baixos da época. Um golo de bola parada, numa parceria Pizzi-Mitroglou, valeu três pontos muito sofridos. Os encarnados criaram pouco, concederam de mais, num jogo que nunca dominaram ou controlaram e, inexplicavelmente, deixaram mais uma vez partir.

Se antes a desculpa da falta de controlo dos jogos – uma discussão que trouxe aqui logo nas primeiras jornadas – era a ausência de Jonas (e também de Fejsa, a outro nível), desta vez nem com o brasileiro de volta a equipa (e agora também com o sérvio) é capaz de manter-se por cima dos encontros, sobretudo quando disputados fora de casa. Mas não só. Mesmo com alterações na equipa-base, o 3-3 frente ao Estoril na Taça voltou a levantar questões depois de um clássico em que, sim, desperdiçou uma boa oportunidade de ganhar vantagem decisiva na luta pelo título. Por muito mérito que veja no treinador – e já escrevi aqui que vejo, muito pelo trajecto da temporada passada – não deixa de ser verdade que o não estancar de um problema como este em tantas semanas tem de ser da sua responsabilidade e da restante equipa técnica.

O Benfica é hoje, reconheça-se, um líder frágil, que mesmo assim mantém um ponto de avanço sobre um outro candidato que falhou a ultrapassagem na Fortaleza do Dragão frente ao Vitória de Setúbal e terá ficado satisfeito com um empate na Luz. Mesmo que tenha deixado de depender de si próprio.

É verdade que nos entretantos o FC Porto tem mostrado poderio, como agora na vitória clara frente ao Belenenses, mas é esta inconsistência dos dois rivais – e por inerência de todos os que vêm depois – que nivela este campeonato por baixo.

Os adeptos pouco se importarão com isso no final, é apenas mais um número nas suas contas e nas conversas de café, mas aos outros interessa certamente a discussão.

Se no FC Porto, Nuno Espírito Santo estabilizou o 11 com Tiquinho – apesar do sacrifício de André Silva na Luz – e balance apenas entre André André e Corona nesta fase, já das decisões de Rui Vitória, acabado de renovar, não se percebe o apagão de Cervi, tal como a condição de suplente de Zivkovic, e logo depois de um grande golo perante os canarinhos, em detrimento de Rafa, que teima em não mostrar o nível de definição exigido a um jogador do seu potencial.

Se olharmos para o passado recente, o Benfica esteve mais eficaz quando teve precisamente menos soluções. Será apenas coincidência?

Voltando ao tema, é obviamente um campeonato mais fraco – se olharmos para a classe média, também surpreendem os pontos perdidos por Sp. Braga e Vitória de Guimarães, embora a exigência tenha de ser maior com os bracarenses face às expetativas de crescimento –, provavelmente também um campeão fraco, a precisar de olhar para dentro e de encontrar uma maior capacidade de regeneração para poder aspirar a mais no futebol internacional.  

É disso que se trata. Seja quem for o campeão certamente que o merecerá. Mas não deixará de levantar dúvidas sobre o seu real potencial – bem como de todos os que se classificarem depois – quando for importante recuperar o lugar perdido no ranking da UEFA.