Caiu na Terra de repente. Desavisado. Confuso. Era dia de Benfica e PSG na Liga dos Campeões. Resolveu então dar um pulo à Luz. Já havia ouvido falar sobre um tal de Lionel Messi. Quis comprovar se eram originários do mesmo planeta.

Foi surpreendido com um festival de jogadas ofensivas e corajosas de jogadores trajados de vermelho, mas não tardou a confirmar o diz que me diz que rola entre as galáxias. Abriu um sorriso de orelha a orelha com a pintura do craque argentino.

Sentiu por alguns instantes que estava satisfeito. Começou a traçar estratégias ou formas mirabolantes para regressar, seja lá de onde tivesse vindo. Entre um pensamento aqui e outro ali, passou a olhar com mais atenção para um completo desconhecido.

O jogador em questão corria e se entregava ao máximo. Desarmava, Saia a jogar com qualidade. Gesticulava com os companheiros. Fazia de tudo para não dar espaço a Neymar e Mbappé. Parecia estar em todos os lados da defesa. Omnipresente.

Ficou admirado com tamanha personalidade, enquanto ainda tentava assimilar o que tinha acompanhado. Ao término da partida de futebol, a primeira que havia assistido na vida, olhou para o lado e cochichou para um senhor com um cachecol enrolado no braço:

«Já são quantos anos a jogar neste nível?», perguntou.

«António Silva? São 18 anos... de idade», ouviu.

Fechou os olhos e rangeu os dentes. Levantou e foi embora altamente incomodado com a resposta mentirosa. Prometeu nunca mais acreditar nas palavras dos seres humanos.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil