«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

Visitar o Estádio do Mar devia ser disciplina obrigatória no curso de «Amor ao Futebol». Uma, duas, três vezes, até que que o candidato a adepto percebesse o que é a paixão incondicional por um emblema, independentemente do número de troféus, do número de vitórias. 

O Leixões Sport Club é um raro caso em que a dimensão da massa social e da própria história desportiva não é acompanhada por uma constância na presença entre os maiores do nosso futebol. 

O jogo contra o FC Porto para a Taça de Portugal reavivou o gigantismo do emblema matosinhense. Mais de seis mil pessoas encheram o Mar, mas muitas mais continuam a aguardar que o sentimento volte a florescer, a reboque dos resultados da equipa de futebol profissional. 

Corri Portugal de lés a lés atrás do meu avô Fumega e do meu padrinho, leixonenses convictos, proprietário único dos seus corações desportivos. Habituei-me a viver invasões inacreditáveis a todos os campos visitados pelo Leixões, de Norte a Sul.

Com exageros comportamentais, claro, mas sempre com uma devoção comovente. 

O Leixões tem 25 presenças na I Divisão, a última em 2009/10. Já está há demasiado tempo afastado dos principais palcos. Por culpas próprias [dirigentes], por um contexto económico que afetou a grande parte dos seus patrocinadores e pelas próprias contingências do futebol. 

Apesar da derrota, este dérbi contra o FC Porto serviu para provar que o espírito leixonense está bem vivo. E pede meças à maioria dos emblemas atualmente no escalão maior. Quem arrasta mais gente do que o Leixões aos estádios? Quem tem um museu tão rico como o histórico matosinhense? Quem vive com esta paixão a vida das suas cores?

O Leixões precisa da I Liga, mas a I Liga precisa também muito do Leixões. 

«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».