Tirambaço: substantivo masculino; Chute violento em direção ao gol. 

Eu adoro uma boa gargalhada. Aliás, adoro tanto uma boa gargalhada como a Taça da Liga. E muitas vezes elas andaram ligadas, uma levando-me à outra. A Taça ao riso, isto é.

Um desfile rápido por aqui basta para lembrar episódios rocambolescos da Taça da Liga e esta também época já houve nova tentativa. Há quem não lhes ache piada, mas eu olho-os com o sorriso irónico de que, ali, está espelhado o futebol português.

Só nós mesmos é que podíamos ter criado uma prova em pleno século XXI e falhar redondamente, uma vez atrás de outra.

Se um clube argumenta que vale a diferença de golos, outro diz que o texto fala em «goal average»; se um diz que é a média de idades em todos os jogos do grupo, outro diz que é apenas no último. Isto, meus caros, é impagável.

Apesar disto, nesta terça, a Taça da Liga torna-se séria.

Desde logo porque há um Benfica-FC Porto e coisa mais séria no futebol nacional não há. Depois, por aquilo que significa para os quatro treinadores que aqui chegam.

Sérgio Conceição vai à frente na Liga e não precisa de vencer nesta terça-feira e depois sábado para cair nas boas graças dos portistas. Outra coisa, porém, é ficar na história do clube. Nunca ninguém venceu a Taça da Liga de azul e branco, pelo que mais do que ter igualado o recorde de 18 vitórias sucessivas, esta sim, é uma marca que o técnico quer quebrar. Se a perder, repito, Conceição não terá de provar nada, a não ser que essa hipotética derrota foi um percalço numa temporada que se tem afirmado sólida e bem melhor do que as da concorrência.

Já Bruno Lage tem o chamado «primeiro teste de fogo». Que chega imediatamente a seguir aos «primeiros testes de fogo» que teve em Guimarães. Com um início prometedor no banco do Benfica em resultados e até nalgum do futebol jogado, ultrapassar o rival nesta terça-feira seria logo uma demonstração de força; vencer a Taça da Liga descansaria também o clube. Os jogadores encher-se-iam de confiança, os adeptos de esperança em novas conquistas e até o presidente dormiria melhor pelas indecisões e decisões que teve.

Quarta-feira será um dia diferente para Marcel Keizer. O holandês esteve debaixo de alguma crítica pelo clássico do campeonato com o FC Porto e os resultados desta Taça da Liga coincidirão muito com a opinião com que os sportinguistas ficarão de Keizer, em contraste com os pensamentos homólogos sobre Conceição e Lage. Os resultados e, já agora, a estratégia. Porque nesta coisa do futebol, os meios com que se chega a fins também contam. O técnico do Sporting parece ter de vencer e à sua maneira, para cativar um maior número de apoiantes em Alvalade.

Dos quatro resta, então, Abel neste texto. O discurso assertivo na sala de imprensa vê-se no relvado, embora lhe falte argumentos. No discurso e no campo. No primeiro, faltam vitórias na Luz ou no Dragão para que Abel seja ainda mais imperativo na sala de imprensa; no segundo, faltam alguns milhões para que as armas sejam do mesmo calibre. Assim sendo, terá de ser ele, Abel, a encurtar a distância, através de duas estratégias bem delineadas: uma para o Sporting, outra para o que eventualmente vier a seguir.

A jogar em casa, o Sp. Braga e o treinador que o lidera têm oportunidade única de afirmação, ainda que o favoritismo da prova esteja, para mim, na exata ordem em que falei de clubes e treinadores por aqui.

Se me enganar redondamente, soltarei uma gargalhada porque isto ainda é a Taça da Liga e posso sempre argumentar que essa ordem era, afinal, o seu inverso.

O Tirambaço é um espaço de opinião do jornalista Luís Pedro Ferreira. Pode segui-lo no Twitter.

[artigo originalmente publicado às 23h51, de 21-01-2019]